Painel de cotações da B3 | Foto:Germano Lüders/ Exame (Germano Lüders/Exame)
Mariana Martucci
Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 21h50.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2021 às 15h21.
A Intelbras (INTB3), produtora de câmeras e equipamentos de segurança, deu início ao que pode ser o período de duas semanas mais movimentado do Brasil em ofertas públicas iniciais em pelo menos duas décadas.
Intelbras e outras 11 empresas devem definir o preço de suas ofertas entre 2 e 12 de fevereiro. É o maior número desde pelo menos 2000, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A oferta inicial da catarinense Intelbras movimentou 1,3 bilhão de reais, com preço da ação na estreia fixado na terça em 15,75 reais, dentro da faixa indicativa que se estendia de 15,25 a 19,25 reais. A estreia na B3 será nesta quinta.
Nesta quarta-feira, 3, duas empresas de tecnologia, uma especializada e líder na venda de móveis por canais digitais, a Mobly (MBLY3), e outra, de comparação, conteúdo e originação para o e-commerce, a Mosaico (MOSI3) -- dona dos sites Zoom, Buscapé e Bondfaro --, devem anunciar seus preços. A estreia prevista de ambas será na sexta, 5.
Cinco empresas já concluíram ofertas iniciais em janeiro, três no mercado brasileiro (HBR Realty, Vamos e Espaçolaser, as duas primeiras como oferta restrita) e outras duas em IPOs na Nasdaq (Pátria Investimentos e Vinci Partners).
Os juros na mínima histórica têm alimentado uma bonança de IPO na maior economia da América Latina nos últimos anos, à medida que os investidores buscam maior retorno no mercado de ações.
O ano passado foi o mais movimentado com ofertas públicas iniciais no país desde 2007, com as empresas levantando cerca de 44 bilhões de reais, apesar dos efeitos da pandemia. Foram ao todo 28 IPOs.
A maior parte das ofertas que devem ser precificadas nas próximas duas semanas mostra o apetite do investidor por empresas de médio porte, até 1,5 bilhão de reais, com base no preço médio da faixa indicativa e sem considerar lotes adicionais.
Analistas dizem que é um sinal do amadurecimento do mercado de capitais do país, que, até pouco tempo atrás, só tinha apetite por companhias maiores.
O maior -- e mais esperado IPO -- é a estreia da CSN Mineração, unidade de mineração da Companhia Siderurgica Nacional. Essa venda pode arrecadar até 8,2 bilhões de reais se os preços forem fixados no topo da faixa e considerando os lotes excedentes.
“O IPO seria positivo para o crédito da CSN porque os recursos aumentariam substancialmente sua posição de caixa, reduzindo o risco de refinanciamento e apoiando futuras rolagens de dívida com bancos credores”, disseram os analistas Carolina Chimenti, Sabrina Lima e Marianna Waltz, da Moody’s, em relatório.
Por outro lado, o mercado está receptivo, mas não é para todos: sete empresas desfizeram planos até agora neste ano: nesta semana, a empresa de tecnologia de cana-de-açúcar CTC suspendeu os planos de estreia, enquanto a Oceana Offshore, empresa de logística marítima com foco em operações de petróleo e gás, desistiu de sua oferta de ações.
Analistas dizem que o processo é semelhante ao de escolha de uma empresa já listada: avaliar os indicadores financeiros, a gestão, o histórico e as perspectivas de crescimento, bem como os múltiplos. Um ponto importante destacado é que nem sempre valerá a pena se desfazer de capital já alocado em ações para comprar papéis de estreantes.
Entre as empresas que anunciaram a faixa indicativa e estão para definir o preço por ação estão:
*Com a Redação