Profissional em laboratório com equipamento da Illumina: demanda em alta para identificação de mutação do novo coronavírus (San Francisco Chronicle/Hearst Newspapers via Getty Images/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 08h00.
Embora o número de doses aplicadas de vacinas contra a Covid-19 esteja aumentando e já tenha superado 220 milhões no mundo, as novas cepas do coronavírus seguem como uma das maiores preocupações de especialistas. E é na demanda para identificar as variantes do vírus que a gestora GeoCapital vem investindo.
Com o portfólio totalmente voltado para o mercado internacional desde a sua fundação, em 2013, a gestora brasileira adquiriu ações da americana Illumina, líder do mercado de aparelhos de sequenciamento genético. No último trimestre, a empresa atingiu receita recorde de 953 milhões de dólares.
“O sequenciamento genético do coronavírus foi feito utilizando equipamentos da Illumina. Ela se beneficiou porque houve maior demanda por seus produtos “, conta Marcelo Carramaschi, sócio e analista da GeoCapital.
Em 2020, as ações da Illumina fecharam em alta de 11,5%. Mas, com o surgimento de novas cepas do vírus Sars-CoV-2, a valorização se intensificou, com os papéis da companhia subindo 18% nos dois primeiros meses do ano.
Apesar do bom momento da empresa, Carramaschi conta que o investimento não é de curto prazo. “Vemos um potencial de alta no horizonte de cinco anos. Temos um preço em mente em que estaríamos dispostos a nos desfazer da posição, mas não está lá. Os equipamentos (da Illumina) serão cada vez mais usados dada a incerteza de novas cepas. Sem dúvida nenhuma, os testes continuarão por um bom tempo", afirma.
Além da Illumina, a Geocapital tem outra empresa de tecnologia hospitalar no portfólio: a Cerner. Especializada em softwares de prontuários médicos, a empresa tem entre seus clientes hospitais do mundo todo, inclusive o brasileiro Albert Einstein.
Carramaschi conta que a empresa teve papel importante durante a fase de testes das vacinas contra o coronavírus. “Os sistemas da Cerner foram essenciais dentro dos laboratórios para identificar o histórico de doenças dos voluntários e das populações para que os testes fossem muito mais eficazes.”
“Hoje a Cerner é uma das nossas grandes posições no fundo. Já tivemos a empresa na carteira e vendemos um tempo atrás. Mas compramos de novo porque o papel voltou a ser atraente”, diz.
Apesar do interesse em empresas de biotecnologia, a Geocapital, que já vinha estudando a Illumina e a Cerner, preferiu ficar de fora das ações ligadas ao desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus.
“[Na época,] era necessário um entendimento muito grande sobre o que as farmacêuticas estavam tentando fazer. Acabava sendo uma aposta muito grande que poderia não dar certo. Era muito difícil termos alguma visão dessas empresas naquele momento”, conta Carramachi.