Inteligência Artificial

Com 120 projetos de IA, Cogna aposta que tecnologia trará mais receita do que redução de custos

Estratégia visa reduzir a taxa de cancelamentos, que supera 20% em cursos de graduação EaD; ferramentas são voltadas para melhorar a experiência de alunos e professores

Roberto Valério, CEO da Cogna: "IA deve nos ajudar mais aumento da receita que na redução de despesas"

Roberto Valério, CEO da Cogna: "IA deve nos ajudar mais aumento da receita que na redução de despesas"

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 16h22.

Última atualização em 23 de setembro de 2024 às 22h36.

A Cogna Educação, uma das maiores empresas do setor educacional no Brasil, embarcou no último ano em uma jornada de adoção intensiva de inteligência artificial (IA) em todos os setores da companhia. Com essa investida, a empresa atualmente conta com 120 projetos de IA em desenvolvimento, número que a posiciona entre os 4% das empresas globais que já implementam inteligência artificial generativa em diferentes áreas, segundo a consultoria Gartner. "Estamos liderando a introdução de tecnologias avançadas no setor educacional e moldando um futuro em que o aprendizado é cada vez mais baseado em dados e personalizado", afirma o CEO Roberto Valério.

As ferramentas desenvolvidas abrangem desde o suporte a tarefas administrativas até a criação de chatbots para auxiliar estudantes e professores. A implementação da IA, segundo Valério, oferece oportunidades de redução de custos, mas o maior potencial está no aumento da receita. "Queremos melhorar a experiência do aluno em nossas plataformas para reduzir o nível de cancelamento." O impacto da estratégia, segundo o CEO, será visto gradualmente nos balanços da companhia, à medida que a retenção de alunos aumentar.

No primeiro semestre, a Cogna registrou 227.470 evasões ou não renovações, de uma base total de 1,138 milhão de alunos de graduação. O maior desafio está nos cursos de Ensino a Distância (EaD), onde a taxa de desistência foi de 22% sobre uma base de 945.764 alunos. Para enfrentar questões críticas da educação digital, como a falta de engajamento e a solidão nos ambientes online, a Cogna implementou um roadmap de IA. A empresa também criou um sistema de recompensas e certificações para manter os alunos motivados e conectados ao conteúdo, garantindo feedback contínuo sobre o desempenho acadêmico.

Para chegar em tal resultado, a empresa dedicou mais de 820 horas em treinamentos e organizou 85 eventos, incluindo workshops, cursos e reuniões. Até o momento, mais de mil colaboradores foram capacitados para usar as ferramentas desenvolvidas, abrangendo desde a produção de conteúdo até a automação de atendimentos no call center e suporte acadêmico. ''A estratégia da empresa não prevê uma área isolada de IA prestando serviços a outras áreas, mas sim a criação de ferramentas que permitam que as próprias áreas do negócio desenvolverem suas soluções de IA e depois levá-las para outras áreas que queiram criar adaptações", afirma Valério.

Segundo o CEO, a aplicação da IA está estruturada em três pilares principais: melhoria de produtos e da experiência educacional, ganho de eficiência e criação de novos produtos e negócios. "Nosso foco é sempre educar em escala, mas de forma personalizada", explicou Valério. Isso inclui o desenvolvimento de ferramentas que eliminem tarefas repetitivas, como o atendimento a questões administrativas realizadas por tutores de educação a distância.

Iniciativas de IA da Cogna e sua aplicação no sucesso do aluno

Da porta pra fora, a Cogna tenta agora melhorar a vida do aluno que hoje encara uma rotina educacional quase 100% digital. Rodrigo Cavalcanti, Vice-Presidente de Experiência e Sucesso do Aluno, destaca que a empresa é hoje a 71ª empresa mais bem avaliada do setor, com clientes de referência como Honda, Nissan e C6 Bank. “Nós já proporcionamos uma experiência sem fricção para o aluno, com o mínimo de inconveniência possível”, disse Cavalcanti, acrescentando que a meta agora é usar IA para buscar a melhor experiência digital do planeta no setor educacional.

Dois projetos encarregados para a missão são o Pixel e o Jarvis, ambos reconhecidos em premiações internacionais e nacionais. O Pixel, que venceu o prêmio de melhor back-office pela Cliente SA e é finalista no Iowa Innovation Awards do Gartner, foi desenvolvido para automatizar a leitura de documentos como certificados de conclusão do Ensino Médio. “Com o uso de visão computacional, o Pixel já leu mais de 2,5 milhões de documentos, aumentando a velocidade de leitura em oito vezes em relação aos métodos tradicionais”, explicou.

Já o Jarvis tem como objetivo aliviar a carga de professores e tutores educacionais no processo de correção de provas, trabalhos e avaliações curriculares. “Ele sugere correções e recomendações, mas a decisão final sempre fica com o profissional de educação”, destacou Cavalcanti.

Outra inovação mencionada foi o uso de IA para a personalização da jornada do aluno, por meio do agente virtual Edu. Esse chatbot é responsável por responder a questões burocráticas e ajudar os alunos com dúvidas administrativas, como a emissão de boletos ou datas de provas. Além disso, atua ativamente no engajamento acadêmico. “Ele não dá respostas prontas, mas estimula o aluno a buscar as soluções por meio de resumos e sugestões desonera o professor de atividades repetivas. Com o tempo restante, há espaço para os profissionais de educação fazerem aquilo que só humanos são bons em fazer”, conclui Cavalcanti.

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