Adobe atualiza termos de uso e sugere usar artes feitas por usuários para treinar IAs
Se alguém fizer um desing no Photoshop ou Illustrator, por exemplo, poderá ter o trabalho incorporado ao banco de dados da empresa
Repórter
Publicado em 7 de junho de 2024 às 14h09.
Última atualização em 7 de junho de 2024 às 15h43.
Usuários de Photoshop, Illustrator e outros aplicativos da Adobe Creative Cloud estão preocupados após perceberem mudanças recentes nos termos de uso da empresa. As novas regras do contrato permitem que a Adobe acesse criações dos usuários, como artes e fotografias, “por métodos automatizados e manuais”.
Embora uma atualização recente sugerisse que o acesso aos conteúdos seria para “revisão de conteúdo”, os termos completos indicam que a empresa pode usar “técnicas como aprendizado de máquina para melhorar nossos Serviços e Software”. Em outras palavras, usar a criação humana para treinar uma inteligência artificial.
No ano passado, a Adobe lançou uma suíte de produtos de IA generativa, incluindo o Generative Fill do Photoshop, para competir com plataformas como Midjourney e DALL-E, principais serviços de geração de imagens artificiais.
Em resposta ao gerador de vídeo Sora da OpenAI, a empresa também adicionou recursos de edição de vídeo com IA ao Premiere Pro em abril. Segundo a Adobe, o primeiro modelo Firefly foi treinado usando o banco de imagens da própria empresa e outros meios disponíveis no domínio público.
Dada a recente investida da Adobe em IA generativa, muitos suspeitam que os termos atualizados permitirão à empresa utilizar conteúdos de alta qualidade criados por usuários para treinar futuros modelos de IA. Considerando que muitos usuários dependem dos aplicativos da Adobe para trabalhos profissionais, isso poderia resultar em violações involuntárias de acordos de confidencialidade.
A página completa dos termos de uso da Adobe indica que o documento foi atualizado pela última vez em fevereiro de 2024. No entanto, a atualização passou despercebida até que os aplicativos da Adobe começaram a exibir pop-ups notificando os usuários sobre as mudanças. A atualização gerou uma reação negativa generalizada, incluindo críticas do diretor Duncan Jones.
Outra seção do mesmo documento concede à Adobe uma licença “não exclusiva, mundial, isenta de royalties e sublicenciável, para usar, reproduzir, exibir publicamente, distribuir, modificar, criar obras derivadas, executar publicamente e traduzir o Conteúdo”.
A Adobe não é a única empresa enfrentando controvérsias relacionadas à IA generativa e privacidade. O próximo recurso Recall AI da Microsoft foi criticado por especialistas em cibersegurança por potencialmente expor dados sensíveis, como senhas.
A explicação da Adobe
Após a polêmica, a Adobe tentou explicar o que de fato os novos termos querem dizer, e publicou uma nota em seu blog oficial. A empresa esclareceu que a atualização dos termos visa ser mais transparente sobre os processos de moderação que implementou, incorporando mais revisão humana devido ao crescimento da IA Generativa e ao compromisso com a inovação responsável. Agora, a Adobe utiliza tanto a digitalização manual quanto a automatizada para revisar o conteúdo, com sinalizações automáticas sendo escaladas para análise humana.
A Adobe especificou que essa revisão inclui avaliar material de abuso sexual infantil e uso inadequado de aplicativos, como spam ou conteúdo adulto fora das áreas designadas. A empresa também explicou que a criação de miniaturas é uma das razões para os termos de uso.
Por fim, a Adobe garantiu que seus modelos de IA Generativa Firefly não são treinados com o conteúdo dos clientes. Esses modelos utilizam dados licenciados, como Adobe Stock, e conteúdo de domínio público.
A Adobe assegurou que nunca assumirá a propriedade do trabalho dos clientes, que permanecem proprietários de seu conteúdo, mesmo quando hospedado nos servidores da Adobe. A empresa prometeu tornar os Termos de Uso mais acessíveis e compreensíveis para os usuários ao abrir os aplicativos.