O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, é retratado durante a foto do grupo após participar da reunião sobre Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética na Reunião de Líderes do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, em 19 de novembro de 2024 (Mauro PIMENTEL/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 22 de novembro de 2024 às 07h41.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, alegou que teve uma discussão com o presidente da Argentina, Javier Milei, durante a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, e que o episódio não foi conhecido porque a delegação argentina teria escondido os vídeos.
A discussão, segundo o chefe de Estado colombiano, teve origem quando, no fórum, do qual participou como convidado, ele afirmou que o trabalho em conjunto, e não individual, é a base para o progresso dos países.
“Trabalhar em conjunto. Essa foi a questão com a qual eu lutei verbalmente com Milei na reunião dos maiores e mais poderosos do G20 que não aparece em nenhuma parte da comunicação televisiva do mundo, nem colombiana”, disse na quinta-feira, 21, em um evento oficial.
Petro alegou que não houve divulgação da discussão em lugar nenhum porque “a delegação argentina, a quem foram entregues os vídeos de seu discurso, os escondeu, não os publicou, não gostou do que aconteceu lá”.
“Divulguei meu discurso, e ele tem a ver com esse preceito econômico e político de que a humanidade só avança ajudando a si mesma”, disse.
Ainda segundo Petro, “essa ideia que é apresentada como um discurso disruptivo na televisão argentina não é disruptiva, é um discurso anacrônico, de pensar que o progresso humano se baseia em uma competição entre indivíduos que, como átomos isolados, tentam tropeçar uns nos outros para progredir”.
“A humanidade nunca conseguiu permanecer no planeta se matando, mas se ajudando”, afirmou Petro, referindo-se ao discurso que supostamente provocou o descontentamento.
Esse é mais um capítulo do histórico de divergências entre Petro e Milei, que ideologicamente são diametralmente opostos. Em março, o governo colombiano ordenou a expulsão de diplomatas da embaixada argentina em Bogotá, em resposta aos repetidos insultos de Milei a Petro, a quem ele chamou de “terrorista assassino”.
Essa medida, revogada semanas depois, foi o ponto culminante de uma série de ofensas do líder argentino, que em janeiro deste ano também levou o governo colombiano a chamar seu embaixador em Buenos Aires, Camilo Romero, para consultas depois que Milei disse que Petro “é um comunista assassino que está afundando” o próprio país.
Petro também atacou Milei em outras ocasiões, por exemplo, em setembro. Em discurso perante a Assembleia Geral da ONU, sem citar o presidente argentino, Petro criticou o tema político de Milei (“Viva la libertad, carajo”) ao abordar o que chamou de subjugação da política ao poder dos mais ricos.