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Venezuela planeja encerrar criptomoeda estatal lastreada em petróleo

Conhecida como Petro, moeda digital lançada pelo governo de Nicolás Maduro foi associada a esquema de corrupção no país

Venezuela lançou uma criptomoeda estatal em 2018 (Reprodução/Reprodução)

Venezuela lançou uma criptomoeda estatal em 2018 (Reprodução/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 16 de junho de 2023 às 13h02.

Fontes ligadas ao governo da Venezuela confirmaram que a criptomoeda estatal Petro deverá ser desligada em breve pelas autoridades. Lançada em 2018, a proposta da gestão de Nicolás Maduro era que o ativo se tornaria uma moeda de ampla circulação e utilização no país como forma de contornar a forte desvalorização da moeda local, mas ele acabou se envolvendo em um esquema de corrupção.

As informações, divulgadas pela Bloomberg, apontam que o governo venezuelano já estaria trabalhando no encerramento do uso da Petro. A responsável pelo processo é a Superintendência de Criptoativos (Sunacrip), que passa por uma reestruturação após ter seu chefe envolvido em denúncias de corrupção envolvendo também a PDVSA, estatal responsável pela exploração de petróleo no país.

O fim da Petro já estava no radar de investidores da Venezuela. Em maio, a criptomoeda parou de funcionar e o blockchain em que o ativo está sediada foi paralisado. Além de não gerar novos blocos para processar transações com a moeda digital, a rede também está indisponível para acessos de verificação de informações registradas nela.

A Petro foi criada pelo governo da Venezuela e lançada em 21018 como uma opção de investimento lastreada no petróleo extraído no país. Ela também foi a primeira criptomoeda estatal já criada. Na época, ela foi promovida como uma alternativa monetária e seu uso foi intensamente incentivado pelo governo.

Ela chegou a ser usada por pagamentos por parte de órgãos governamentais, em serviços como renovação de passaporte, e por diversas empresas do país foram convencidas a aceitar o seu uso por clientes. Agora, segundo a Bloomberg, o governo planeja cancelar as dívidas com credores da Petro, em especial grandes redes de varejo que passaram a aceitá-la em pagamentos.

Em entrevista à Bloomberg, o economista Aaron Olmos comentou que "o desaparecimento da Petro significaria desmontar algo que fazia parte da proposta econômica de 2018, depois da segunda reconversão monetária, com essa ideia histórica de uma moeda lastreada em petróleo. Seria desmontar todo aquele discurso. Longe de ser positiva, a ideia acabou derivando em algo que o governo não conseguiu controlar, porque estava ligada à mesma gestão pública ineficiente".

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Corrupção com criptomoedas

A decadência da Petro acompanha a própria queda da Sunacrip. A superintendência foi mergulhada em um esquema de corrupção denunciado em 2022 e que atingiu o então chefe do órgão, Joselit Ramírez. Ramírez foi preso e é acusado de ma série de desvios envolvendo o funcionário público e empresas do segmento cripto.

O processo também atingiu ministros do governo de Nicolás Maduro, incluindo Tareck El Aissami - da pasta de Petróleo - e Hugbel Roa - da pasta de Educação Universitária, Ciência e Tecnologia. Ambos renunciaram. Em março, o governo chegou a congelar operações de corretoras e mineradoras de criptomoedas envolvidas no caso.

A Venezuela é um dos países com maior adoção de criptomoedas na América Latina. O público tem buscado investir nos ativos digitais principalmente como uma forma de se proteger da alta inflação da nação e da rápida desvalorização da moeda nacional.

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