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Fintechs do Brasil buscam equilibrar independência, cautela e foco em automação, mostra estudo

Levantamento da PwC e da ABFintechs mostra evolução do segmento, ainda formado majoritariamente por empresas com menos de cinco anos

Fintechs: pesquisa mostra panorama do setor no Brasil (Getty Images/Getty Images)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 15h05.

Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 18h53.

As fintechs brasileiras mostram sinais de maturidade, enquanto tentam conciliar uma maior independência financeira, uma cautela com gastos e um foco crescente em automação e parcerias. É o que aponta a nova edição da Pesquisa Fintech Deep Dive, produzida pela PwC e pela ABFintechs e divulgada em primeira mão pela EXAME.

Entre os destaques da pesquisa está a relativa "juventude" do segmento:73% das startups focadas no mercado financeiro foram fundadas há menos de cinco anos. Além disso, pouco menos de dois terços possuem menos de 20 funcionários. Para o relatório, o perfil "reflete uma amostra de empresas jovens e ágeis, mas ainda em processo de consolidação".

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Na divisão por setores de atuação, as áreas de crédito e meios de pagamento são as com maior número de fintechs e funcionários, mantendo uma tradicional liderança entre os possíveis temas de atuação dessas startups. Como novidade, está o foco no mercado B2B, com crescimento de atuação de 40% para 64% entre 2023 e 2024, "mostrando uma tendência clara de concentração no atendimento a empresas, especialmente pequenas e médias".

Um dos achados do levantamento é que as fintechs estão cada vez mais focadas na integração de novas tecnologias. Para isso, estão investindo de forma crescente em automação e ampliando a relação com parceiros, combinando uma ampliação do uso de inteligência artificial, análise de dados e blockchain, classificadas como "tecnologias-chave para melhorar a eficiência e a personalização dos serviços".

Mudanças em meio a desafios

Ao mesmo tempo, essas empresas também precisam lidar com um cenário desafiador. Diego Perez, presidente da ABFintechs, pontua que elas "se adaptaram bem ao cenário recente de incerteza econômica e restrição de capital, ajustando suas operações para serem mais enxutas e sustentáveis. Essa adaptação envolveu redução de custos, priorização de gastos em áreas essenciais, como o desenvolvimento de produtos, e expansão menos agressiva".

"Elas passaram a focar em conquistar e manter clientes de forma mais cautelosa, buscando criar portfólios sólidos que possam atrair novos negócios de maneira mais segura e sustentável. Foi uma resposta positiva e necessária às condições do mercado e permite que as empresas prosperem em um ambiente de maior competição e menos disponibilidade de capital, preparadas para futuros desafios", comenta.

Nesse sentido, a pesquisa aponta que mais da metade das fintechs já chegaram ao chamado "equilíbrio financeiro", alternando entre crescimentos de 1% a 50%. Para a pesquisa, "esse dado indica uma transição para um ambiente econômico mais estável após as flutuações dos últimos anos".

Há, ainda, um esforço das startups para reduzir a dependência de grandes aportes externos, até pelo cenário econômico mais desafiador atualmente. Com isso, o uso de capital próprio nesses negócios aumentou, mostrando como elas têm "priorizado a autonomia financeira".

Combinado a isso, as fintechs também indicaram uma cautela maior no momento com relação a captações de recursos. Segundo o levantamento, "as fintechs estão buscando investimentos em valores mais modestos, com um foco na expansão controlada e uma menor disposição para buscar grandes aportes via fundos ou IPOs ".

Willer Marcondes, sócio da Strategy& e líder de Consultoria em Serviços Financeiros, destaca que "as fintechs estão adotando naturalmente uma abordagem ainda cautelosa de crescimento e captação de investimentos. As empresas mais jovens, em especial, estão ainda em um processo de amadurecimento, em que o crescimento não é apenas uma meta, mas uma jornada cuidadosamente gerenciada para mitigar riscos das suas mais diversas origens".

"Além disso, uma grande barreira enfrentada por essas empresas é a dificuldade de estabelecer uma marca forte e visível, o que é crucial para atrair tanto clientes quanto investidores. Essa luta pela visibilidade e reconhecimento destaca a importância de estratégias e relacionamentos bem planejados no ecossistema competitivo atual", ressalta.

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