Em queda livre, bitcoin tem salvação até o fim do ano? Especialistas respondem
Maior criptomoeda do mundo em valor de mercado já caiu cerca de 65% em 2022; descubra se o bitcoin ainda pode retomar antigas máximas até o fim do ano
Mariana Maria Silva
Publicado em 9 de dezembro de 2022 às 09h22.
Última atualização em 9 de dezembro de 2022 às 10h41.
Em 2022, o bitcoin e as principais criptomoedas foram acometidos pelo que ficou conhecido como “inverno cripto” entre investidores e entusiastas. Isso porque após atingir máximas históricas em US$ 69 mil, o bitcoin despencou cerca de 65%, para níveis não vistos em anos. Outras criptomoedas, como Solana, caíram mais de 90% no mesmo período.
Uma série de acontecimentos negativos formaram o “inverno cripto” em 2022: as medidas de bancos centrais em todo o mundo para conter a inflação, o estouro da guerra entre Rússia e Ucrânia, e a queda de projetos e empresas robustos como LUNA, Celsius, Three Arrows Capital e FTX, que deixou de ser a segunda maior corretora do mundo para ir a à falência em menos de uma semana.
Apesar de ter sinalizado recuperações em diversas ocasiões, o bitcoin não conseguiu se reerguer para patamares de preço vistos em 2021.
Ao ultrapassar os US$ 17 mil atualmente, a criptomoeda até demonstra resiliência frente aos acontecimentos negativos, operando em alta de cerca de 1% nos últimos sete dias, mas não anima investidores.
O Índice de Medo e Ganância, utilizado para medir o sentimento do mercado cripto, aponta para “medo” por parte de investidores em 26 pontos. A métrica sinalizou “medo” e “medo extremo” ao longo de boa parte do ano.
"Um movimento mais forte de alta no preço do bitcoin, assim como de outros criptoativos, depende hoje de dois fatores principais. Do lado micro, é preciso ter certeza de que os efeitos colaterais da falência da FTX realmente chegaram ao fim e, do lado macro, uma sinalização de que o Fed conseguiu controlar a inflação nos EUA e por conta disso, encerrará o ciclo de aumentos agressivos na taxa de juros do país", aponta Lucas Josa, analista de ativos digitais no BTG Pactual.
Enquanto os impactos do colapso da FTX vão diminuindo, espera-se que o banco central norte-americano reduza a agressividade de sua postura contra a inflação recorde no país.
Os aumentos na taxa de juros, realizados para conter a inflação, também acabam por gerar uma aversão ao risco entre investidores, prejudicando a cotação de ativos como as criptomoedas e ações.
Jerome Powell, o presidente da instituição, já sinalizou uma perspectiva otimista para que os aumentos na taxa de juros se tornem cada vez menores. No entanto, dados ainda mostram uma alta inflação nos Estados Unidos.
“A tendência é estável para negativa, considerando repercussões da falência da FTX sobre outras empresas do setor, a movimentação nos EUA para aumentar a supervisão de criptomoedas em conexão com o evento da FTX, e a continuidade da subida de juros nos EUA”, disse Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad.
No entanto, da perspectiva técnica, um alívio nas quedas pode estar por vir para o bitcoin. De acordo com Fernando Pereira, gerente de conteúdo da BitGet, a maior criptomoeda do mundo ainda pode voltar a subir em 2022.
“Tudo indica que um rally de alta de final de ano está a caminho para o bitcoin. Dados on-chain mostram uma forte pressão compradora dos investidores de longo prazo próximo da região de 16 mil dólares, que deve ter marcado o fundo de 2022”, disse.
“Partindo para análise técnica, temos fortíssimos sinais de esgotamento dos vendedores, que podem ser vistos em forma de divergência entre o preço e o índice de força relativa, tanto no tempo gráfico diário quanto semanal. Nesse ano vimos a correlação entre o bitcoin e o mercado acionário atingir patamares jamais vistos, nunca esses dois ativos tão diferentes caminharam de maneira tão parecida, e o S&P500, principal bolsa norte-americana e o ativo líder no quesito ‘correlação com o bitcoin’, também demonstrou sinais de fundo, com divergências altistas nos gráficos diário e semanal. Acredito em uma alta de aproximadamente 30% nas criptomoedas durante o final deste ano e início do próximo”, concluiu o especialista.
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