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É possível transportar ativos do mundo real para o digital? Saiba como funciona a tokenização

Entenda como funciona o processo, as previsões para o mercado e descubra as vantagens de transformar ativos como arte, imóveis, grãos e até humanos em tokens no blockchain

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 6 de agosto de 2023 às 10h00.

Por Felippe Percigo*

@felippepercigo

Sabemos que os limites entre o real e o digital estão se estreitando. Muitas pontes entre esses mundos vêm sendo erguidas e fortificadas com a evolução da tecnologia.

No universo do blockchain, a tokenização é a ferramenta que tem o poder de construir e sedimentar esse canal.

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Se os futuristas preveem que grande parte da nossa vida estará atrelada ao digital, faz muito sentido que os bens que possuímos aqui fora ganhem representação nesse ambiente.

Por isso, o movimento de tokenização de ativos do mundo real tem mostrado tração e, embora esbarre em algumas dificuldades, principalmente regulatórias, estima-se que o mercado de RWA (Real World Assets ou Off-Chain Assets) atinja US$ 16 trilhões até 2030, de acordo com o Boston Consulting Group. Até o final da década, essa projeção resultaria na tokenização de ativos correspondente a 10% do PIB global.

Faz tempo que dou palestras em torno do tema e sempre digo: quase tudo pode ser tokenizado.

Só para se ter uma ideia, li recentemente aqui na Exame que empresas resolveram “tokenizar humanos”. Soou muito Black Mirror? Mas já é realidade, pessoal.

Para que serve a tokenização, afinal?

A tokenização dos ativos do mundo real oferece a possibilidade de dividir a propriedade em unidades menores, criando, dessa forma, o que chamamos de propriedade fracionada.

Assim, os tokens digitais criados podem ser negociados, através de alguns cliques, em plataformas baseadas em blockchain, tornando a compra, a venda e a transferência de propriedade muito mais simples e eficiente.

A “tokenização de tudo” é uma forte tendência e, se o conceito ainda parece vago para você, deixo a seguir uma lista de ativos - incluindo tangíveis e intangíveis - que podem ser tokenizados.

Imóveis residenciais:a tokenização de casas e apartamentos, por exemplo, desburocratiza e torna muito mais acessível o investimento em imóveis, já que permite aos compradores adquirir frações das propriedades. É uma boa oportunidade também para quem deseja diversificar o portfólio.

Imóveis comerciais:prédios comerciais, como escritórios e shoppings, também podem ser tokenizados. Esses empreendimentos costumam ser de grande porte e o valor de entrada geralmente é alto. Com a tokenização, é possível comprar frações dos imóveis por preços bem mais em conta, abrindo portas para a chegada de mais investidores aos negócios.

Arte:além de criar um registro digital de uma obra de arte, o que facilita a comprovação de propriedade e a verificação de autenticidade, a tokenização de obras de arte gera oportunidades de investimento em frações de pinturas, esculturas e outros itens de valor artístico. Assim, o mercado de arte deixa de ser hermético para virar mais democrático, acessível e, consequentemente, mais líquido.

Carros colecionáveis:os carros colecionáveis e de luxo sempre foram uma classe de ativos restrita aos milionários, mas a tokenização tornou possível investir em veículos exclusivos com pouco dinheiro.

Títulos e valores mobiliários:títulos e valores mobiliários tradicionais, como ações e títulos de dívida, podem ser tokenizados para simplificar o processo de negociação e transferência de propriedade.

Propriedades intelectuais:a tokenização de direitos autorais, patentes e marcas registradas permitem aos criadores monetizar seus ativos intelectuais de maneira muito mais eficiente.

Recursos naturais:ouro, prata, petróleo e minérios também podem ser representados como tokens. Para exemplificar, no ano passado, a República Centro-Africana, conhecida por suas jazidas minerais como diamante e cobre, anunciou um projeto de tokenização de seus recursos para atrair investimentos internacionais.

Bens agrícolas:ativos agrícolas, como terras e colheitas, podem ser tokenizados para facilitar o investimento no setor. Hoje, já existe um movimento interessante no mercado de grãos, no qual os agricultores estão transformando suas produções de milho, trigo e soja em tokens para trocar por insumos, serviços ou outros bens.

Investimentos em startups:a tokenização representa uma maneira inovadora de financiar novas empresas, principalmente em estágios iniciais, já que no começo costumam enfrentar dificuldade para levantar capital no mercado. No Brasil, a Mercado de Startups, da SMU Investimentos, é um exemplo de plataforma que aposta nesse modelo.

Dívida de infraestrutura:Estradas, pontes e portos podem ser financiados por meio da tokenização de dívidas. Os investidores podem comprar tokens que representam a dívida do projeto e receber retornos sobre os pagamentos de juros ao longo do tempo.

Chegamos ao fim da nossa lista por ora, mas sem dúvida daria para continuar. Como a minha proposta era apenas provar o meu ponto, acho que com os dez tópicos acima vocês já conseguiram pegar a visão, certo?

Fica claro que as vantagens da tokenização de ativos do mundo real vão muito além do ambiente cripto. Inclusive, saiu esses dias um novo estudo da The Block Research sobre o tema que estrutura esses benefícios em três grandes grupos, como explico abaixo. Observem que o estudo chama ativos do mundo real (RWA) de ativos off-chain (OCAs).

Benefícios da tokenização de OCAs para economia financeira

Benefícios da tokenização de OCAs para a economia real

Benefícios da tokenização de OCAs para a economia cripto

Conclusão

A tokenização implica uma grande mudança de paradigma. E, na contramão de sua fama, não é um fenômeno circunscrito ao universo cripto. À medida que a tecnologia evolui, e a mentalidade também, tem potencial para causar uma profunda revolução na indústria e na economia como a conhecemos.

*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

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