Mercado Bitcoin mira investidores institucionais e anuncia novos executivos
Novos diretores trocam mercado financeiro 'tradicional' pelos criptoativos para ajudar na expansão da empresa e atrair investidores institucionais
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 12 de março de 2021 às 17h52.
Última atualização em 12 de março de 2021 às 21h58.
Uma das principais exchanges de criptoativos do Brasil, o Mercado Bitcoin anunciou mudanças em sua estrutura corporativa, que inclui novas marcas, novos produtos e serviços e novos executivos. Entre as caras novas na diretoria da empresa, dois nomes conhecidos do mercado financeiro tradicional, que indicam maior aceitação do mercado cripto por outros setores de negócios no país: Guto Antunes e Fabio Moraes.
Guto Antunes, que soma 20 anos no mercado financeiro, com passagens por empresas como Bank Boston, ABN AMRO e Banco Safra, vai comandar a OTC, braço focado em investidores institucionais da 2TM, a holding que controla o Mercado Bitcoin e as outras empresas do grupo.
"Na OTC, nosso objetivo é conectar os investidores institucionais com o mercado de criptoativos, queremos desenvolver o mercado institucional dentro deste setor. Hoje, o mercado de criptoativos grita 'vem', e Wall Street responde 'eu quero, mas não sei como fazer isso'. Queremos fazer essa ponte", contou Guto, em entrevista à EXAME.
Segundo ele, os mercados tradicional e de criptoativos podem se ajudar neste momento: "O mercado tradicional tem muito a absorver do mercado de criptoativos, mas o contrário também é verdadeiro. O universo dos criptoativos tem muito a ganhar, por exemplo, adotando aspectos de governança do mercado tradicional".
Ele também diz esperar um movimento cada vez maior entre profissionais de mercados tradicionais migrando para o setor de criptoativos e blockchain: "Já encontrei pessoas que eu definitivamente não esperava e estão trabalhando em empresas ligadas aos criptoativos. Acho que é um caminho sem volta. Os dois mercados se ajudam".
Guto ainda explicou que a empresa terá novos produtos, que serão anunciados em breve: "Temos o mote de que 'o universo é o limite'. O grupo começou como uma exchange e hoje tem várias frentes, tipos de clientes e soluções. Na frente de digital assets, temos uma meta agressiva. Queremos gerar produtos, democratizar o acesso desse novo perfil de investidor e ter plataformas seguras e atrativas. A tokenização é uma frente que certamente trabalharemos. Queremos dar liquidez a ativos de dificil acesso e esta é uma das principais linhas que temos".
O outro "reforço" no time da 2TM é Fabio Moraes, que foi head de projetos financeiros do Sebrae e dirigiu por mais de 10 anos o Instituto Febraban de Educação, projeto da Federação Brasileira de Bancos que capacitou mais de 200 mil pessoas no período. Na holding que controla o Mercado Bitcoin, ele será o responsável pelo Blockchain Academy.
No comando da plataforma educacional, Moraes terá como principal missão a de ampliar a penetração no mercado corporativo, sem abrir mão de outras frentes: "São quatro grandes frentes de atuação: profissionais do mercado, como desenvolvedores; investidores de varejo; PMEs [pequenas e médias empresas] e grandes investidores", disse, deixando claro que os investidores institucionais são um foco importante para a companhia.
Sobre a mudança de um setor tradicional para um mercado ainda em desenvolvimento, Moraes acredita estar diante de uma oportunidade: "Na verdade, vejo mais semelhanças do que diferenças, mas elas existem, e não são poucas. Tanto lá quanto aqui, temos que forma profissionais, conversar com stakeholders, governos e associações, desenvolver conhecimento para a sociedade. Mas, claro, a Febraban existe há dezenas de anos, enquanto aqui trataremos de temas novos. O nosso desafio é justamente esse: a recência".
A contratação de dois nomes com experiência em mercados tradicionais mostra não apenas que o setor de criptoativos e blockchain se tornou atrativo para profissionais de outras áreas, mas também deixa evidente que a 2TM pretende focar grande parte de seus esforços nos investidores profissionais.
Apesar da entrada de nomes como Tesla, PayPal, Visa, Mastercard, MicroStrategy e Square, além de grandes fundos e investidores de renome, no Brasil o movimento de empresas em direção ao bitcoin e aos criptoativos ainda é tímido — apesar de mostras pontuais de aquecimento.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento.Confira.