CIO de fundo bilionário muda tom, prevê bitcoin a US$ 600 mil e é alvo de críticas
CIO da Guggenheim disse que ativo cairia para US$ 20 mil e não se recuperaria rapidamente, mas muda o tom após, supostamente, empresa fazer aporte no ativo
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 13h36.
Scott Minerd, CIO da Guggenheim Partners, gestora com mais de 270 bilhões de dólares em ativos, se tornou alvo de críticas nas redes sociais por suas repentinas mudanças de opinião sobre o bitcoin depois de prever, na última terça-feira, 2, que o ativo pode atingir 600 mil dólares — ele foi acusado de, supostamente, tentar manipular a opinião pública para garantir operações mais lucrativas no mercado cripto.
A história começou quando a Guggenheim enviou, em novembro de 2020, um documento à SEC, órgão regulador dos EUA, informando que pretendia alocar 500 milhões de dólares em bitcoin, no dia 31 de janeiro de 2021, em um dos seus fundos de investimento.
Pouco antes da data, no dia 21, Minerd ganhou manchetes ao afirmar que o bitcoin iria "sofrer uma grande retração, até a faixa de 20 mil dólares" e que "dificilmente sairia deste patamar antes de 2022" — naquele dia, o bitcoin era negociado a 34 mil dólares.
No dia 27, com a cotação próxima de 32 mil dólares, Minerd disse, em entrevista à Bloomberg na televisão, Minerd disse que a "demanda de investidores institucionais não era grande o suficiente para manter o ativo acima de 30 mil dólares".
Finalmente, no dia 31 de janeiro, cerca de 500 milhões de dólares em bitcoin foram transferidos da Coinbase para uma série de carteiras privadas — como os dados em blockchain são públicos, a transferência pode ser verificada por qualquer pessoa, mas, por outro lado, como as carteiras são anônimas, não é possível saber quem foi responsável por ela.
Como a data da transferência e também o seu valor correspondem às informações enviadas pela Guggenheim à SEC, investidores e analistas presumiram que o fundo tinha realizado o aporte prometido e, assim, diversas pessoas se manifestaram nas redes sociais dizendo que o CIO da companhia teria tentado manipular o preço do ativo digital antes da empresa fazer o seu aporte.
As críticas se tornaram ainda mais intensas depois que Minerd voltou a se posicionar publicamente sobre o maior ativo digital do mundo na última terça-feira, 2, quando falou à CNN que, devido à sua escassez e semelhanças com o ouro, o "bitcoin tem potencial para chegar à 600 mil dólares".
“Tenho falado há bastante tempo... A Guggenheim começou a comprar bitcoin em dezembro e, quando o preço aumentou em janeiro, Minerd falou mal do bitcoin na imprensa para manter o seu preço baixo até terminarem suas compras”, disse o usuário Asher68W, no Twitter.
"Lembre-se: a Guggenheim quer que você venda bitcoin para que eles possam comprar mais barato. Estão tentando assustar o mercado e fazer as pessoas pensarem que ele vai cair para 20 mil dólares, mesmo que eles acreditem que valerá 400 mil", disse o economista Alex Kruger, também no Twitter, em referência à previsão de analistas do fundo divulgada em dezembro.
As críticas e opiniões contraditórias, entrentanto, não comprovam que Scott Minerd ou a Guggenheim Partners tenham, de fato, agido de má fé para influenciar no preço do bitcoin, já que o mercado de criptoativos é bastante dinâmico e tendências e previsões podem mudar muito rapidamente. Nem a empresa, nem o seu diretor se manifestaram publicamente sobre as acusações.
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