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Alta do bitcoin não vai terminar (mal) como em 2017, dizem especialistas

Nomes ligados ao mercado comparam alta de 2020 com 2017, quando ativo digital atingiu máxima história e despencou pouco depois, e mostram otimismo

 (krisanapong detraphiphat/Getty Images)

(krisanapong detraphiphat/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 15h40.

A surpreedente alta do bitcoin em 2020 não é novidade para o maior ativo digital do mundo. Movimentos parecidos já aconteceram algumas vezes, sendo a mais famosa em 2017, quando o BTC atingiu sua máxima histórica — e, depois, despencou de 20 mil dólares para 4 mil em um anno. As semelhanças com a última "bull run" do bitcoin existem e, por isso, as comparações são inevitáveis. Mas, segundo especialistas, a alta desta vez é diferente e pode ter impactos muito maiores e mais positivos.

"Em 2017, o grande volume veio de pessoas físicas e do FOMO (sigla para "Fear of missing out", ou "medo de ficar de fora", na tradução livre). Desde então, a tecnologia e o bitcoin vêm se provando, o que tem trazido grandes investidores no mundo todo. Já temos grandes empresas listadas nas bolsas mundiais reportando a posse de bitcoin em seus balanços", disse Ricardo Dantas, Co-CEO da Foxbit, uma das maiores exchanges de criptoativos do país, à EXAME.

A entrada de dinheiro institucional, citada por Dantas, é de fato um ponto relevante: gestoras, fundos, bancos e instituições financeiras estão comprando o ativo, e isso é importante porque, além de investirem quantidades muito maiores do que pessoas físicas, estão menos suscetíveis às vendas em movimentos de baixa.

Além do aumento no número de investidores institucionais, outros fatores importantes diferenciam as altas do bitcoin em 2017 e 2020. Atualmente, existem vários produtos derivativos do bitcoin, como contratos futuros e opções, que movimentam bilhões de dólares. O número de exchanges de criptoativos também cresceu consideravelmente, assim como suas infraestruturas - a brasileira Foxbit, por exemplo, registrou aumento de 20% na abertura de contas em relação ao último trimestre. Tudo isso favorece o aumento da liquidez do mercado — e, quanto maior a liquidez, menor a volatilidade.

"Acho possível ocorrerem variações no curto prazo, porém para o longo prazo o bitcoin vem se mostrando um grande investimento como reserva de valor. Acho que, em 2021, uma grande mudança tende a vir. Muitos investimentos e novas empresas adotando o BTC como reserva e como ferramenta para movimentar dinheiro", completou o executivo da Foxbit.

A alta volatilidade foi exatamente o que caracterizou o mercado em 2017. Hoje, provavelmente não veremos mais a volatilidade que o bitcoin tinha em 2017 e, portanto, a dinâmica de preço do ativos nos próximos meses tende a ser diferente de 2017.

Analistas especializados no maior ativo digital do mundo também indicam que as coisas devem ser diferentes em 2020.

“Resumindo, o mercado de hoje está muito mais maduro, mais financeirizado, mais supervisionado, mais ordenado, mais contido, menos reflexivo, mais eficiente em termos de capital e mais líquido do que o mercado que impulsionou a corrida de touro anterior em 2017”, disse Nic Carter, cofundador da ferramenta de estatísticas focada em cripto CoinMetrics.

Já o analista conhecido como PlanB, que criou o modelo stock-to-flow de preços do bitcoin, citou a média móvel de 200 semanas do ativo: "A grande diferença em relação a 2017 é que a maioria dos BTC vendidos hoje nunca mais verá a luz do dia novamente, eles desaparecerão em wallets frias e profundas. Os compradores de hoje são profissionais, com visão de longo prazo e poder de permanência".

É claro que nem todo mundo está otimista em relação ao futuro do bitcoin. Kathy Jones, estrategista-chefe de renda fixa do Schwab Center for Financial Research, disse à Bloomberg que "o interesse pelo ativo se dissipou", em referência ao fato de que, mesmo perto da máxima histórica, o bitcoin tem sido menos falado do que em 2017, e completou:

“Você tem o grupo hardcore, aquele que fala 'sou um investidor de criptoativos', mas esse grupo não se expandiu de verdade, porque [o ativo] é muito volátil e porque existem muitas perguntas sobre a segurança e o que os regulamentações podem fazer. O número de perguntas que recebo agora é uma fração do que recebi alguns anos atrás, quando estava 'bombando'".

Lionel Laurent, da Bloomberg, escreveu no Washington Post: "O bitcoin ainda parece um ativo com dinâmica de preço semelhante a uma bolha, exagerada pela escassez artificial de seu limite de oferta de 21 milhões de unidades e uma mentalidade de 'HODLing' [referência a investidores que compram o ativo e o mantém guardado] entre seus seguidores, que acumulam cerca de 60% das moedas em circulação".

Apesar das opiniões de especialistas atualmente serem mais positivas do que negativas em relação ao futuro do ativo, fazer previsões em um mercado novo, relativamente pequeno (quando comparado a outros mercados) e ainda muito volátil, é sempre uma tarefa complicada. A recomendação para novos investidores e pessoas interessadas em entrar neste mercado, é buscar informações e apenas fazer investimentos de acordo com as suas possibilidades financeiras.

Em 2020, o bitcoin já acumula alta de mais de 250% no mercado nacional (impulsionado pela desvalorização do real) e cerca de 150% no mercado internacional. Nos últimos 60 dias, a alta já passa de 65%, tanto no Brasil quanto no exterior. No momento, o ativo digital é cotado próximo a 18 mil dólares fora do país e a 95.200 reais nas exchanges brasileiras.

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