ConsenSys capta US$ 450 milhões e vai converter todo o valor para Ethereum
Com aportes de Microsoft e SoftBank, entre outros, rodada avaliou a companhia em US$ 7 bilhões; empresa promete contratações no Brasil e nova MetaMask ainda em 2022
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 15 de março de 2022 às 12h00.
Última atualização em 15 de março de 2022 às 12h15.
A ConsenSys, empresa de software e infraestrutura para o blockchain Ethereum, que tem na carteira MetaMask o seu carro-chefe, anunciou nesta terça-feira, 15, um aporte multimilionário, de US$ 450 milhões, que elevou a avaliação da empresa para mais de US$ 7 bilhões (R$ 35 bilhões).
A ParaFi Capital liderou os aportes após participar da rodada Série C da ConsenSys em novembro de 2021. Agora, se juntam à empresa novos investidores, incluindo Temasek, SoftBank Vision Fund 2, Microsoft, Anthos Capital, Sound Ventures e C Ventures.
Os investidores da Série C — Third Point, Marshall Wace, True Capital Management e UTA VC, o fundo de risco da United Talent Agency — também participaram desta rodada. A Sullivan & Cromwell LLP atuou como assessora jurídica da ConsenSys na transação.
"A ConsenSys surgiu como uma das empresas mais importantes no blockchain", disse Ben Forman, fundador e sócio-gerente da ParaFi Capital. "Em particular, a MetaMask é a porta de entrada para mais de 30 milhões de usuários para acessar aplicações Web3 e DeFi todos os meses, tornando-a um dos produtos de blockchain mais utilizados no mundo para consumidores e empresas".
Neil Cunha-Gomes, investidor da SoftBank Investment Advisers, disse: "Estamos muito felizes em fazer parceria com Joe e sua equipe em sua missão de fornecer acesso à web descentralizada. Acreditamos que o ecossistema de produtos Web3 simples, neutros e seguros da ConsenSys continua a fomentar níveis de engajamento sem precedentes e estamos entusiasmados em ajudá-los a levar a adoção da Web3 para o próximo nível".
O interesse de investidores na ConsenSys passa pela popularização do conceito de Web 3.0, que tem na tecnologia blockchain um de seus pilares e na rede Ethereum uma de suas principais plataformas. "A ConsenSys tem sido pioneira na criação do software fundamental para a próxima fase da Internet, a Web3. Sua missão é impulsionar o poder colaborativo das comunidades, tornando DAOs, NFTs e DeFi universalmente acessíveis e fáceis de usar", disse a empresa, em comunicado.
A popularização da Web 3.0, que tem na descentralização sua principal característica e, portanto, um enorme espaço para NFTs, DeFi, DAOs e outras aplicações do gênero, também se reflete no crescimento acelerado da MetaMask, criada pela ConsenSys e atualmente a principal carteira cripto não custodial do mundo, atualmente com mais de 30 milhões de usuários ativos mensais — um aumento de 42% em apenas quatro meses.
"Penso na ConsenSys como uma máquina de capacidades amplas e profundas para o ecossistema de protocolos descentralizados, capaz de capitalizar rapidamente em escala sobre novas construções fundamentais que surgem, tais como ferramentas de desenvolvimento, carteiras, auditorias de segurança, DeFi, NFTs, DAOs e muito mais", disse Joseph Lubin, Fundador e CEO da ConsenSys.
Fundos captados serão convertidos para cripto
Segundo a empresa, todo o valor captado na rodada será convertido em ether (ETH), a criptomoeda nativa da rede Ethereum, "para fortalecer ainda mais a posição de 'ultra sound money' da ConsenSys e servir como um reequilíbrio para sua proporção entre ETH e moedas fiduciárias" da ConsenSys.
A ConsenSys mantém há muito tempo uma reserva significativa de ETH, moedas estáveis e outros criptoativos, e está usando ativamente sua própria infraestrutura, como MetaMask Institutional e Codefi Staking, para colocar estes ativos para trabalhar nos protocolos DeFi e via staking em antecipação à próxima atualização da Ethereum que mudará o mecanismo de consenso da rede para o Proof-of-Stake (PoS, ou "Prova de Participação").
"Essa visão está alinhada com a de nossos investidores nesta Série D que nos permitirá executar estratégias de crescimento animadoras. Esta rodada abrange ativos digitais, bem como fiat, e converte tudo imediatamente para ETH. A próxima rodada será nossa 'Série ETH', na qual ajudaremos os investidores a se tornarem totalmente nativos da criptografia e contribuírem com ETH como um símbolo e compromisso com a mudança de paradigma em curso", completou Lubin.
Valor possibilitará expansão e renovação da MetaMask
Segundo a própria ConsenSys, o valor captado permitirá "a rápida expansão da MetaMask com um grande redesenho programado para 2022, bem como a implementação de um sistema que permitirá a integração com uma grande variedade de protocolos blockchain e esquemas de segurança de contas". Entre outras coisas, a expansão também se baseia na recente aquisição da MyCrypto pela ConsenSys, o que permitirá à MetaMask reforçar sua infraestrutura de segurança e criar uma experiência de usuário melhor.
A empresa também vai afirma que pretende investir na adoção global da ferramenta de desenvolvimento Infura, que conta com 430 mil desenvolvedores e mais de US$ 1 trilhão em volume de transações em ETH anuais, bem como em conduzir a adoção dos NFTs para artistas, criadores de conteúdo, marcas, desenvolvedores de jogos e ligas esportivas.
Com quase 700 funcionários, o time da ConsenSys deve aumentar significativamente com a contratação de mais de 600 funcionários até o final de 2022, inclusive no Brasil, diz a companhia, que também afirma ter como objetivo "ser líder do setor quando se trata de diversidade, equidade e inclusão", citando parcerias com organizações como Work180, CryptoChicks e Black Women Blockchain Council.
Recentemente, a empresa se envolveu em polêmica quando tentou impedir que usuários russos tivessem acesso às carteiras MetaMask, alegando restrições devidos às sanções econômicas sofridas pela Rússia, o que levou a empresa a bloquear usuários da Venezuela, que também sofre com sanções.
O criador da MetaMask e da ConsenSys, Joseph Lubin, que é também cofundador da rede Ethereum, também falou no último final de semana sobre o uso de criptomoedas na Ucrânia, que ele acredita ser uma poderosa arma contra a Rússia. Lubin participou recentemente do Future of Money, evento da EXAME sobre o futuro do dinheiro, onde falou sobre Web 3.0, a atuação da empresa com reguladores brasileiros e o futuro da internet no mundo.
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