(André Coelho/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 26 de junho de 2021 às 14h28.
Última atualização em 30 de junho de 2021 às 10h50.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na última sexta-feira, 25, que a instituição pode avançar "bastante" até o fim de 2022 no projeto de criação de uma moeda digital no Brasil, mas reiterou não haver prazo fixo e elencou uma série de desafios globais para o empreendimento.
"Tem muitas perguntas que são feitas de um lado e respondidas do outro, e vice-versa", disse Campos Neto. "O que a gente está tentando fazer nos nosso processos de 'brainstorming' [coleta de ideias] é tentar responder, entendendo que isso precisa ser uma moeda que seja uma extensão da moeda física, que não crie nenhuma disrupção no sistema financeiro".
Campos Neto citou, por exemplo, um dilema sobre riscos de haver mais demanda por moeda digital por razões como maior segurança e maior capacidade de fazer diferentes operações.
Uma consequência disso afetaria o balanço dos bancos, em que a moeda digital não tem capacidade multiplicadora. "Então, o que aconteceria com o balanço dos bancos se todo mundo resolvesse fazer conversão integral de moeda física para eletrônica? Bom, teríamos um problema de intermediação financeira."
Campos Neto relatou que, entre as soluções ouvidas em discussões, haveria a possibilidade de impor taxa de juros negativa na moeda digital para equilibrar demanda e oferta. "Óbvio que isso não é simples de fazer nem vai acontecer."
Outra discussão seria sobre diferentes plataformas de moeda digital entre BCs com características diversas ditarem perda da principal características do ativo: o "cross-boarding", ou seja, a possibilidade de pagamentos transfronteiriços. "Então importante entender neste momento que há mais perguntas do que respostas", completou o presidente do BC.