Brasil lidera digitalização de meios de pagamento na América Latina, mostra pesquisa
Modalidade Account to Account é destaque no país graças à popularidade do Pix, enquanto carteiras digitais avançam mundialmente
Repórter do Future of Money
Publicado em 2 de agosto de 2023 às 13h00.
Última atualização em 3 de agosto de 2023 às 10h56.
As empresas WorldPay e FIS divulgaram nesta quarta-feira, 2, o Global Payment Report, que mostra qual é o cenário atual para os meios de pagamento no varejo. E o Brasil é o destaque na América Latina em termos de digitalização dessas opções, como afirma Juan Pablo D'Antiochia, vice-presidente sênior da WorldPay para a América Latina , em entrevista exclusiva à EXAME.
Os dados do levantamento mostram que o Brasil é o líder da região na modalidade Account to Account (Conta a Conta), que é onde o uso do Pix é contabilizado. O país possui a maior fatia de uso em relação ao total de pagamentos no e-commerce, representando 24% do total, contra 9% a nível mundial. Além disso, a pesquisa aponta um crescimento de 123% na modalidade entre 2021 e 2022, com previsão de alta de 23% até 2026.
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O estudo destaque que "o Pix se tornou um meio de pagamento tão popular que virou quase um verbo: 'faz um Pix'". Além disso, o sistema acabou servindo de exemplo para os outros países da região, que também estão implementando suas versões próprias da ferramenta. É o caso do México, Argentina, Peru e Colômbia.
Segundo o relatório, apesar do cartão de crédito ainda ser a opção mais usada para realizar pagamentos na América Latina, a modalidade está "lentamente perdendo participação" para alternativas como Account to Account e carteiras digitais. Enquanto os cartões devem crescer 7% até 2026, as duas modalidades devem expandir 22% e 21%, respectivamente.
"Na América Latina, o Brasil está na liderança na agenda de digitalização. O Banco Central está na liderança, em agendas no tema, como Open Banking , com um foco maior e uma demanda no setor financeiro maior que em outros mercados ao definir as iniciativas. O Pix é o sinal disso. Está muito na frente do resto, mas a escala contribui muito também", pontua D'Antiochia.
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Cenário global de pagamentos
O vice-presidente da WorldPay avalia que o relatório aponta três grandes tendências para a área de meios de pagamento. A primeira é o avanço da modalidade Account to Account graças aos pagamentos instantâneos, com o Brasil entre os destaques. Há, ainda, uma continuidade da expansão do uso das carteiras digitais, que já são o meio de pagamento mais usado a nível global. Por fim, foi detectado também um crescimento do Buy Now, Pay Later (Compre Agora, Pague Depois), já popular no Brasil com o chamado crediário.
Além disso,D'Antiochia destaca que o crescimento do e-commerce voltou a ganhar tração e manteve uma expansão de dois dígitos. O desempenho "parece óbvio, mas não é. Em 2019, algumas pessoas já falavam de desaceleração do e-commerce no Brasil, mas a pandemia relançou o setor e esse crescimento se manteve ainda hoje. Mesmo com a desaceleração, ainda está muito saudável".
Nesse sentido, o executivo afirma que a pandemia de Covid-19 foi "muito marcante" no segmento de meios de pagamentos: "Ela não criou novas tendências, mas impulsionou tendências já existentes, mas que ainda eram iniciais. O Pix é o maior exemplo disso. Ele ganhou uma velocidade absurda em um período de tempo muito curto porque atendeu a uma necessidade muito represada do mercado".
Outro exemplo de meio de pagamento impulsionado nesse período é o de carteiras digitais. O Global Payments Report mostra elas tiveram uma participação de 49% no valor transacionado globalmente no e-commerce. Em pontos de venda, a participação foi de 32%. Apesar disso, os cartões de crédito e débito continuam com participação relevante, chegando a 1/3 do valor transacionado.
Na visão do WorldPay e da FIS, o uso do cartão de crédito deverá ser expandido a partir das carteiras digitais, com uso de Buy Now, Pay Later e financiamentos nos pontos de venda. Para D'Antiochia, muitas das novas ferramentas para pagamentos "são infraestrutura para outras". "O Pix e outros permitem que o setor de fintech trabalhe com outros elementos, o chamado embeded finance, que é embutir um produto financeiro em uma transação".
Além disso, também é importante considerar que o sucesso de um meio de pagamento em um país, e de uma ferramenta em específico, também depende do contexto de cada país. Em geral, o executivo avalia que "a ferramenta se adequa à realidade do mercado".
Já o dinheiro em espécie continua a cair, mas o relatório avalia que o mais provável é que eles ainda tenha um uso estável até que comecem a ser substituídos pelas moedas digitais de bancos centrais ( CBDCs , na sigla em inglês). "Vai ter uma redução drástica do dinheiro em espécie, mas dificilmente vamos ver ele desaparecer no curto prazo. Tem vários motivos, estruturais, como economia informal, acesso a tecnologia e infraestrutura", pondera o executivo.
Sobre as criptomoedas , o relatório aponta que elas ainda estão "engatinhando" como uma opção de pagamento de pessoas para empresas, mas começam a mostrar viabilidade. D'Antiochia pontua que a estrutura de pagamento com cripto já existe, mas ela ainda não é muito utilizada porque "as criptos ainda são enxergadas como um veículo de investimento".
"As criptomoedas ainda tem o desafio de lidar com a alta volatilidade, o que é risco e oportunidade para quem recebe como pagamentos. As CBDCs vão facilitar muito, eliminar esse risco de volatilidade, mas não é que tenha um baixo nível transacional por falta de ferramental, é falta de demanda tanto de quem quer pagar com esse tipo de produto quanto quem poderia receber como pagamento. Eventualmente pode chegar a ter relevância", diz o vice-presidente da WorldPay.
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