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"A tokenização musical me abriu os olhos", diz Zeca Baleiro sobre levar royalties ao blockchain

Cada vez mais artistas estão entrando para plataformas musicais que utilizam a tecnologia blockchain para melhorar a distribuição de renda e a relação com fãs; entenda como elas funcionam

Zeca Baleiro é um dos artistas brasileiros a se envolverem com a tokenização musical (Zeca Baleiro/Divulgação)
MM

Mariana Maria Silva

Publicado em 1 de junho de 2022 às 18h29.

Última atualização em 2 de junho de 2022 às 17h27.

Já faz um tempo que a tecnologia blockchain não se resume apenas às criptomoedas. Conforme novas possibilidades foram surgindo, as plataformas de música baseadas na nova fase da internet se tornaram uma realidade. Proporcionando vantagens interessantes tanto aos fãs quanto aos artistas, elas se espalharam pelo mundo todo e podem representar uma ameaça a gigantes como Spotify e Apple Music no futuro.

Plataformas como esta podem funcionar de diversas formas. Atualmente, existem exemplos que trabalham a partir da tokenização de músicas para o streaming, tokenização de royalties ou a comercialização de NFTs, sendo o último tipo o mais comum.

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Talvez a mais famosa delas seja a Audius. Fazendo frente direta ao Spotify e Apple Music, a plataforma oferece o streaming de músicas tokenizadas. Desta forma, as músicas são monetizadas através de tokens AUDIO, usados como recompensa pelos streamings na plataforma.

A Audius já recebeu investimentos de famosos como Katy Perry e Mark Cuban por seu modelo de distribuição de receita mais igualitário. Além disso, construiu uma estação de rádio no metaverso Decentraland como uma forma de atrair um maior público.

Outro gigante do universo cripto também está investindo no setor. A Dapper Labs sabe muito bem como conectar fãs a seus ídolos utilizando o blockchain e, depois do fenômeno que é o NBA Top Shot, a empresa criou a RCRDSHP. A sopa de letrinhas é pronunciada como Record Shop, ou “loja de música” em inglês.

-(Mynt/Divulgação)

Assim como no NBA Top Shot, as músicas vão virar colecionáveis digitais para resolver os problemas de conexão entre fãs e artistas, e de distribuição de receita. Além das músicas, haverão outros tipos de itens, como vídeos exclusivos dos artistas, entre outros.

No Brasil, artistas e desenvolvedores não quiseram ficar de fora da nova tendência. Uma das plataformas brasileiras que se destacam ao inovar na indústria musical é a TuneTraders. Da tokenização de royalties de música, ela transforma a paixão dos fãs em lucro a cada vez que as faixas são reproduzidas.

A faixa Travo, de Paulo Novaes em parceria com a dupla Anavitória, é um dos grandes sucessos da TuneTraders, com 500 mil reproduções em um mês. Uma parceria com os compositores de músicas que ficaram famosas nas vozes de Maiara e Maraisa, Bruno e Marrone, Zé Neto e Cristiano, entre outros grandes nomes do sertanejo, chegou a ser anunciada pela plataforma. No entanto, a iniciativa foi adiada por tempo indeterminado.

O cantor Zeca Baleiro também entrou para a Tune Traders:

“Decidi aceitar o convite porque gosto de ter novas experiências. Como artista independente, me interessa saber da possibilidade de veicular/comercializar minha música por meio das novas ferramentas que o mundo digital oferece”, contou, em entrevista à EXAME.

Para Zeca, os benefícios de ter participado do projeto foram obter um novo entendimento sobre a tecnologia e estabelecer uma nova relação com seus fãs. “Pude entender um pouco melhor como funciona o processo de tokenização de músicas e isso me abriu os olhos para incrementar a relação com meus fãs, pensar em novos projetos etc.”, concluiu.

Por outro lado, a All be Tuned foi pioneira entre as plataformas que atuam partindo de outro setor: os NFTs. Com foco em artistas independentes, a plataforma foi criada por Taynaah Reis, CEO e fundadora da Moeda Semente.

Além de um nome proeminente no universo das criptomoedas, Taynaah é cantora e foi a primeira a comercializar os direitos de uma música de sua autoria por meio da plataforma. Foram emitidos 100 NFTs da música intitulada Tudo bem. Atualmente, a plataforma já conta com uma série de artistas.

No início, a intenção era minimizar os prejuízos causados aos artistas durante a pandemia do coronavírus, onde boa parte de sua receita foi impossibilitada, com a proibição de shows e apresentações. “A All BeTuned é uma plataforma e selo web 3.0. Nossa missão é inspirar talentos independentes e organizações a alavancarem suas presenças digitais e construírem novas comunidades”, contou Taynaah Reis.

A All be Tuned também foi responsável pelos NFTs do Prêmio Multishow e do Nosso Camarote, que levou a Sapucaí para o metaverso Decentraland no Carnaval de 2022.

“Temos de estar atentos a essas novas tendências, as tecnologias de metaverso, NFTs e realidade aumentada nos trazem outras oportunidades possibilidades infinitas de experimentar a arte, a moda e o Carnaval”, afirmou Carol Sampaio, sócia do Nosso Camarote, que marcou o Carnaval de 2022 como a principal escolha das celebridades brasileiras.

Do ponto de vista dos artistas envolvidos na plataforma, as inovações geradas pelo novo modelo de negócios são um benefício para a classe artística. Quando falamos em artistas independentes, ou em início de carreira, a receita gerada pela All be Tuned pode significar muito.

“Particularmente, sou fascinado pelas novas tecnologias, conforme elas vão surgindo. O NFT em específico, por trazer a possibilidade de ampliar os negócios para a classe artística, para o público consumidor e investidores. Essas foram algumas das motivações que nos levaram a estruturar esse projeto com a All be Tuned. E não teria um melhor momento para entrar nesse mercado, do que agora, com o lançamento do meu álbum de clássicos, que foi a principal referência visual do projeto”, contou o DJ Felguk.

Outro destaque da música brasileira que fez sucesso com os NFTs é Mylena Jardim, vencedora do reality show The Voice Brasil, transmitido pela Rede Globo. Os tokens não fungíveis de músicas consagradas gravadas na voz da mineira esgotaram em menos de uma hora na plataforma Ichello, do brasileiro Bruno Perdigão.

Após mais de 23 anos de experiência na indústria musical, atuando como produtor de grandes nomes como César Menotti e Fabiano, Bruno Perdigão decidiu unir suas paixões na criação da Ichello, plataforma de NFTs totalmente focada na música.

Assim como a RCDRSHP, além das músicas, são comercializados NFTs de itens exclusivos dos artistas, como uma camisa utilizada pelo Chorão, da banda Charlie Brown Jr. e itens do cantor Eduardo Costa. Quanto às músicas de Mylena Jardim, Perdigão comentou: “Já sabíamos que seria sucesso, mas ficamos surpresos pelo fato de ter esgotado em menos de 1 hora. Isso mostra a força e o potencial do mercado de NFTs no segmento musical”.

Outras plataformas, como a Phonogram.me e Sound XYZ, também trabalham com NFTs musicais, a abordagem que se tornou mais comum quando pensamos nas novas formas de distribuição de receita e conexão com fãs.

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