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Clima e cenário macro pressionam inflação dos alimentos, que chegou a 30% nos últimos 12 meses (Pixabay/Divulgação)
Carla Aranha
Publicado em 3 de setembro de 2021 às 15h50.
Última atualização em 3 de setembro de 2021 às 15h56.
A semana não terminou com boas notícias para a economia – e o agronegócio. De acordo com dados do IBGE divulgados na última quarta, 1, setor teve uma queda no PIB de 2,8% no segundo trimestre. As condições climáticas, com uma estiagem prolongada em alguns dos principais estados produtores de grãos e, neste inverno, a incidência de geadas, foram alguns dos vilões do desempenho do agro no período.
Em meio a um cenário de crise hídrica com impactos diretos no preço de energia elétrica, o produtor deve lidar com novos desafios. Para o consumidor, os efeitos são claros. Em 2020, a desvalorização cambial, que chegou a quase 25%, e o aumento das exportações colaboraram para a inflação dos alimentos, que chegou a quase 20%. O problema não desapareceu – pelo contrário. Nos últimos 12 meses, a carne bovina registrou uma alta de 30%, acompanhada pelo arroz (30,4%), aves (30%) e feijão carioca (17,3%), entre outros produtos. O óleo de soja subiu quase 70%. Em média, os aumentos foram de 30% nos últimos 12 meses.
A inflação dos alimentos é o tema deste episódio podast SuperAgro, que vai ao ar todas as sextas-feiras, trazendo os desafios, as oportunidades e os grandes personagens do agronegócio brasileiro. O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é o entrevistado desta edição.
“A gasolina tem 27% de álcool anidro, produzido a partir do etanol”, diz Braz. “A quebra de safra da cana, como aconteceu agora, tem reflexos nos preços cobrados nos postos”. Ainda há outro fator nessa equação – com a recuperação econômica de países como a China e os Estados Unidos, a demanda por matéria-prima, como minério de ferro, tem aumentado, jogando os preços internacionais para cima. Com isso, os custos ao produtor ficam mais caros, lembra Braz.
Para segurar a inflação, o Banco Central deverá continuar utilizando o mecanismo de aumento da Selic. “A taxa de juros é como se fosse um remédio, que tem que ser usado quando a inflação está espalhando, como está acontecendo”, afirma Braz. “Mas é um desafio porque causa efeito colateral, que é travar a atividade econômica”.
O podcast SuperAgro vai ao ar todas semanas com os principais desafios e oportunidades do agronegócio, com apresentação de Carla Aranha, repórter de macroeconomia da EXAME. Clique aqui para ver o canal e não deixe de acompanhar os próximos programas.
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