NBA 23/24: sem nenhum brasileiro após 22 anos, liga mostra mais força do que nunca no Brasil
Liga norte-americana de basquete espera recorde de mais de R$ 50 bilhões em receitas por todo o planeta; no Brasil já são 26 lojas físicas, outra marca histórica
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 11h46.
A NBA , que teve seu início oficial na última terça-feira, 24, não terá nenhum representante do Brasil dentro das quatro linhas após mais de duas décadas. Há exatos 22 anos, a maior liga do planeta iniciava sem jogadores brasileiros, mas, a partir da temporada 2002/03, com a escolha de Nenê Hilário, conseguiu uma sequência histórica que acaba de ser encerrada.
Com Raulzinho acertando sua ida do Cleveland Cavaliers para o Fenerbahçe, da Turquia, e nenhuma seleção nacional no Draft, o Brasil perdeu força esportiva, mas nos negócios nunca foi tão gigante por aqui. O interesse do brasileiro pela NBA triplicou e isso reflete em todas as áreas.
Crescimento de fãs brasileiros
Segundo um estudo da SportsValue, nos últimos dez anos a base de fãs saltou de 20 para 60 milhões e também indica o mercado nacional como o segundo do planeta nas assinaturas do League Pass, plano de pay-per-view para a transmissão de todos os jogos, ficando atrás somente dos EUA. As vendas de camisas também aumentaram por aqui em 67% comparado aos últimos anos. E, durante a pandemia, o basquete foi o esporte, além do futebol, mais procurado no Google pelos brasileiros, com 89% de interesse.
“É uma bola de neve. As audiências aumentam, os produtos são mais procurados e os negócios crescem. Hoje há muita demanda no Brasil em torno da NBA e a tendência é só aumentar. O basquete sempre foi tradicional no país, perdeu espaço para o vôlei, mas agora recuperou o posto de segundo esporte do brasileiro com a força que ganhou a liga norte-americana por aqui”, comenta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, agência de marketing esportivo.
Observando atentamente tal movimentação, a NBA nunca esteve tão presente no Brasil como agora. O escritório da liga no país já abriu 26 lojas em sete estados. São Paulo lidera o mapa de fervor com 11 localidades, seguido pelo Rio de Janeiro, com cinco propriedades. Paraná possui três estabelecimentos, Rio Grande do Sul também tem três, Ceará dois, enquanto Minas Gerais e Santa Catarina abriram um negócio cada.
"Identificação é um ativo importante em qualquer esporte ou liga que queira ter sucesso com os fãs, e a NBA consegue fazer isso com excelência. Entrega torneios super competitivos, possui jogadores exepcionais em todas as franquias e sabemos quais são e onde. Acima de tudo, permite e incentiva que as marcas possam explorar os clubes e atletas com produtos e novos conteúdos, conseguindo criar uma cultura em torno do esporte em que, mesmo não havendo atletas brasileiros na edição atual, eles continuam presentes e reverenciados, como Varejão, Leandrinho e Splitter, que não só foram vencedores da NBA, como são embaixadores dela no Brasil. Experiência que gera lembranças inesquecíveis tendem a perenizar o consumo e, consequentemente, renovam o engajamento dos fãs num ciclo virtuoso imparável. Lição a ser aprendida pelo nosso futebol", comenta Reginaldo Diniz, CEO da Agência End to End.
Parceria NBA e Brasil
A parceria entre NBA e Brasil alçou um voo ainda mais alto após a inauguração de um parque temático em Gramado, no Rio Grande do Sul, na metade de abril deste ano. O NBA Park é o maior parque da liga no planeta, com quadra oficial, restaurante, loja, e muitas atrações de entretenimento. O local tem capacidade para 4.000 pessoas.
“Um complexo desta magnitude atrai turismo não só do Brasil, mas também de todos os países vizinhos. A Argentina, por exemplo, também é apaixonada pelo basquete e pela NBA e deve levar visitantes em peso. O NBA Park impulsionará a receita da região de Gramado e do Rio Grande do Sul. É mais um grande projeto para fidelizar fãs e conquistar futuros consumidores”, analisa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Na última temporada, a liga gerou uma receita pela primeira vez na casa dos US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 50 bi) e visa um novo recorde para este ano, principalmente com o sucesso dos jogadores internacionais. Ao todo, 125 atletas de fora dos Estados Unidos disputarão a temporada, incluindo a escolha número um, o francês Victor Wembanyama.
"O interesse ao redor do planeta cresce com a globalização do jogo e o domínio de grandes figuras internacionais. No Brasil é um paradoxo. A NBA se agiganta, a base de fãs aumenta ano a ano, apesar da representatividade em quadra. Qualquer evento da liga ou estabelecimento com a sua marca obtém sucesso por aqui. O brasileiro entende a cultura do basquete, que vai além do esporte, e a abraçou", afirma Fernando Paz, diretor comercial da Absolut Sport, agência de marketing esportivo especializada em sportainment.
Nas últimas cinco edições, o melhor jogador da temporada veio de fora. O grego Giannis Antetokounmpo foi eleito o MVP duas vezes (2019 e 2020), o sérvio Nikola Jokic outras duas (2021 e 2022) e, na temporada passada, chegou a vez do camaronês Joel Embiid. De acordo com o mercado de apostas esportivas, e algumas das maiores plataformas consultadas, como PlayGreen, Galera.bet, Casa de Apostas, Onabet, Odds&Scouts, Esportes da Sorte e Bet7k, os principais favoritos a vencer o prêmio Michael Jordan são novamente de fora dos EUA. Além de Jokic e Giannis, o esloveno Luka Doncic também está bem cotado. O primeiro norte-americano aparece em quarto na lista: Jayson Tatum. A última vez que alguém da casa levantou o troféu foi James Harden, em 2018.
Quanto ao título, o Milwaukee Bucks é o principal candidato, seguido pelo forte Boston Celtics, o atual campeão Denver Nuggets, o estrelado Phoenix Suns, a dinastia Golden State Warriors e o grande elenco do Los Angeles Lakers.
Os Bucks, que já contavam com Giannis, contrataram Damian Lillard, dos Blazers. Já os Celtics trouxeram Kristaps Porzingis e Jrue Holiday. Os Nuggets tentam defender o título, o primeiro de sua história, alcançado no primeiro semestre deste ano, mas perderam boas peças no banco de reservas.