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Reino Unido quer proibir produtos originados de desmatamento ilegal

Segundo a embaixada brasileira em Londres, o Brasil é o 15º maior exportador para o Reino Unido

Desmatamento: Reino Unido planeja exigir que empresas rastreiem desmatamento nos países importadores (Gustavo Basso/Getty Images)

Desmatamento: Reino Unido planeja exigir que empresas rastreiem desmatamento nos países importadores (Gustavo Basso/Getty Images)

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AFP

Publicado em 24 de agosto de 2020 às 20h54.

O governo britânico publicará nesta terça-feira (25) um projeto de lei para suprimir produtos originados de desmatamento ilegal das redes de abastecimento de suas empresas, que já provocou críticas de ambientalistas, para os quais o mesmo é "seriamente defeituoso".

"Existe um vínculo muito importante entre os produtos que compramos e sua pegada ambiental", afirmou o secretário de Estado de meio Ambiente Internacional, Lord Goldsmith, ao anunciar o projeto.

O mesmo busca "ilegalizar o uso pelas empresas do Reino Unido de produtos que não forem cultivados de acordo com as leis locais" para combater o desmatamento ilegal e proteger as florestas, informou o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais em um comunicado.

O texto ficará aberto a consulta por seis semanas e "compilará as opiniões dos implicados britânicos e internacionais, e levará em conta as possíveis repercussões nas empresas e outros interesses".

O projeto prevê multas ainda a determinar para as empresas que descumprirem a nova norma.

Esta iniciativa se inscreve nas medidas propostas pelo Reino Unido antes da realização da COP26 em Glasgow, inicialmente prevista para novembro, mas adiada para 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus.

O projeto gerou, no entanto, críticas imediatas da ONG ambientalista Greenpeace, que o qualificou de "seriamente defeituoso" por se ater às legislações dos países produtores.

"Todos temos visto a forma como o presidente (Jair) Bolsonaro defende a expansão da agricultura no Brasil às custas da floresta amazônica", denunciou Elena Polisano, do Greenpeace UK.

E exortou as grandes redes britânicas de supermercados, como "Tesco, que vende mais carne e produtos lácteos e, portanto, usa mais soja para a alimentação animal do que qualquer outro varejista do Reino Unido" a "eliminar imediatamente os destruidores de florestas de sua cadeia de abastecimento".

Os principais supermercados britânicos, incluindo o Tesco, ameaçaram em maio boicotar os produtos do Brasil ante sua inquietação com um projeto de lei de regularização fundiária, apoiado por Bolsonaro, que incentivaria um maior desmatamento da Amazônia.

Segundo a embaixada brasileira em Londres, o Brasil é o 15º maior exportador para o Reino Unido. Os principais produtos são ouro e outros minerais, soja, madeira, carne e café.

Em carta entregue ao governo britânico em fevereiro, o líder yanomami Davi Kopenawa pediu ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e outros dirigentes europeus a não aceitarem em seus países o ouro e outros produtos que os indígenas culpam pela destruição de suas terras.

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