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Olhar externo: Omega Energia chega aos EUA e cria área para lutar por políticas públicas

No ano passado, a empresa de energia limpa investiu no exterior e estruturou uma diretoria ESG, focada em mudar as regras do mercado livre

Parque eólico Delta, no Piauí: Omega Energia prevê EBITDA de 2 bilhões de reais em 2024 (Omega Energia/Divulgação)

Parque eólico Delta, no Piauí: Omega Energia prevê EBITDA de 2 bilhões de reais em 2024 (Omega Energia/Divulgação)

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 11 de maio de 2023 às 12h07.

Última atualização em 11 de maio de 2023 às 12h10.

Uma empresa de energia limpa é ESG por natureza? Quando seu próprio negócio está alinhado aos preceitos socioambientais e de governança que regem a tríade financeira da sustentabilidade, é fácil enxergar onde cada coisa se encaixa. Porém, como todo profissional que entra por esse caminho na carreira sabe, a complexidade e a qualidade de uma estratégia ESG são proporcionais. E, se dentro de casa está tudo certinho, o passo seguinte é olhar para fora.

A Omega Energia, empresa que opera 10 complexos de geração de energia renovável no Brasil, está passando por esse processo. No ano passado, a companhia tomou a decisão de expandir para além das fronteiras nacionais, investindo em uma operação nos Estados Unidos – um parque eólico localizado no Condado de Armstrong, no Texas. E estruturou sua primeira diretoria de sustentabilidade e ESG, sob a liderança da executiva Lívia Mariz. Mais do que garantir a execução da estratégia de sustentabilidade, Mariz tem a missão defender externamente a principal causa da companhia: abrir o mercado livre de energia para toda a população.

“Sempre nos apoiamos no fato de termos um produto verde, mas precisávamos de uma área para fortalecer a estratégia de sustentabilidade”, disse Mariz à EXAME. “Foi um acerto, conseguimos tirar do papel projetos que não eram prioridade.”

O início da internacionalização

O primeiro parque eólico da Omega fora do país está com as obras adiantadas, e a expectativa é de entrar em operação no final deste ano. Sua capacidade inicial será de 265,5 MW, a partir de 59 aerogeradores fabricados pela Vestas. Em 2024, a empresa estima gerar um EBTIDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 20 a 25 milhões de dólares (aproximadamente 100 milhões de reais) com o parque, contribuição importante para a meta de chegar a um EBITDA de 2 bilhões de reais no próximo ano.

No que se refere ao ESG, a operação segue à risca as melhores práticas ambientais de empreendimentos do tipo nos Estados Unidos. Mas essa é a parte já resolvida do negócio. O que mais preocupa a diretoria ESG da Omega é o que está do outro lado dos muros. “Não vamos descarbonizar a economia sem luta”, afirma Mariz.

A batalha por políticas públicas

Não é por acaso que a executiva, além do chapéu ESG, comanda a área de relações governamentais. No centro da estratégia da Omega está a ampliação do acesso ao mercado livre de energia, com foco nas fontes renováveis. A empresa defende publicamente que todos os brasileiros tenham direito a escolher o fornecedor e a fonte de energia que desejam. Para isso, é preciso mudar as regras e a legislação do setor elétrico, que só permite essa escolha a grandes consumidores corporativos.

Esse engajamento se dá pela via do advocacy, palavra em inglês que descreve o ato de defender uma causa perante um público de interesse – o mesmo que lobby, mas sem a negatividade da expressão mais antiga, muito associada à corrupção; e da diplomacia pública. Nesse último aspecto, o relatório de sustentabilidade da Omega, lançado nesta quinta-feira, 11, destaca o Movimento Luz Livre, que obteve mais de 70 mil assinaturas em um abaixo-assinado pela aprovação do PL414/21, que trata da abertura do mercado livre de energia.

Realpolitik

No corpo a corpo junto ao Congresso, a Omega vem buscando aliados de fora do setor elétrico, como organizações de defesa do meio ambiente e dos consumidores. Há alinhamentos em curso com o Instituto Clima e Sociedade, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, a Frente Nacional dos Consumidores, entre outros. “Não se faz política sem coalizão”, afirma Mariz.

Essa realpolitik do bem não tem o objetivo de proteger os interesses da empresa, embora o resultado seja exatamente esse. “Nosso objetivo é levar energia limpa e barata para todos, e para isso precisamos fazer política”, afirma a executiva. “É uma oportunidade para o país, podemos entrar na nova era da economia como protagonistas.”

E como jamais se deve perder a ternura, no ano passado, a Omega usou o humor e o futebol para espalhar sua mensagem. Em parceria com o canal Embrulha, do Youtube, a empresa produziu um vídeo mostrando torcedores brasileiros e portugueses questionando o preço da energia. O vídeo teve mais de 1,5 milhão de visualizações.

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