ESG

Estudo analisa metas de descarbonização de 25 empresas

Conclusão é que faltam peças no quebra-cabeças dos compromissos climáticos, porém, dados utilizados não estão validados pelo SBTi

Combustíveis fósseis: o futuro do petróleo encabeça preocupação do Observatório do Clima (Alexandros Maragos/Getty Images)

Combustíveis fósseis: o futuro do petróleo encabeça preocupação do Observatório do Clima (Alexandros Maragos/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 14h24.

Um estudo publicado pelas organizações climáticas New Climate Institute e Carbon Market Watch está dando o que falar nesta segunda-feira, 7. O trabalho analisou os compromissos de descarbonização de 25 empresas globais, entre elas duas brasileiras, Vale e JBS, e concluiu que as metas não são suficientes para que as companhias alcancem o net zero, ou carbono neutro.

Segundo os autores, a iniciativa foi motivada pelo aumento expressivo no número de companhias que assinaram compromissos de descarbonização, que dobrou no ano passado, superando a marca de 3 mil corporações. “A dificuldade em distinguir liderança climática de greenwashing é um desafio que, se superado, potencializa as ambições climáticas globais”, afirmam as organizações.

O aspecto mais polêmico da análise diz respeito às emissões do chamado escopo 3, que compreende o carbono emitido pela cadeia de fornecimento e pelos clientes das empresas. Em muitos casos, esse escopo representa mais de 90% das emissões de uma companhia. De forma geral, diz o estudo, os compromissos assumidos são ambíguos e, em média, representam um corte de 40%, e não de 100% como anunciado.

 Compromissos não foram aprovados

Três entidades consultadas pela EXAME, no entanto, apontam erros na metodologia. O principal deles é que o estudo considera que as metas anunciadas pelas empresas estão em linha com o Science Based Target Initiative (SBTi), o mais avançado padrão de divulgação de emissões em uso. De fato, a maior parte das companhias afirma usar o SBTi, porém, nenhuma delas teve suas metas aprovadas pela iniciativa.

O processo de aprovação dessas metas leva, em média, dois anos e envolve idas e vindas. No caso, é possível que algumas companhias tenham submetido os dados aos SBTi, porém estejam ainda em processo de validação. Nesse caso, vale mais o compromisso do que o plano em si, já que eles podem mudar de acordo com as recomendações da iniciativa. Atualmente, apenas 7 empresas tiveram seus compromissos de longo prazo totalmente aprovados.

As entidades responsáveis pelo estudo fazem uma crítica ao modelo do SBTi e do Carbon Disclosure Project (CDP), outra iniciativa de descarbonização, mais antiga que o SBTi, que é a mais utilizada pelo mercado financeiro. “Iniciativas de padronização enfrentam um desafio, e um potencial conflito de interesses, quando definem o padrão e avaliam as companhias de acordo com seus próprios critérios”, diz o estudo.

Do Brasil, foram avaliadas Vale e JBS. Ambas tiveram resultados abaixo do considerável aceitável, segundo os critérios dos autores. As duas ainda não submeteram seus dados ao SBTi. Entre as empresas brasileiras, apenas três, Malwee, EDP e a pequena empresa Baluarte Cultura, tiveram metas de curto prazo aprovadas pela iniciativa.

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