Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:

ESG passará a ser o foco para 85% dos conselhos brasileiros, diz IBGC

Pesquisa com institutos de governança globais mostra que pandemia afetou não apenas a atuação dos conselhos empresariais, mas também suas metas de longo prazo

Modo escuro

ESG será prioridade na atuação de conselhos de adminstração no pós-pandemia (YurolaitsAlbert/Getty Images)

ESG será prioridade na atuação de conselhos de adminstração no pós-pandemia (YurolaitsAlbert/Getty Images)

M
Maria Clara Dias

Publicado em 8 de fevereiro de 2021, 17h08.

Última atualização em 14 de abril de 2021, 12h18.

A percepção de que a atuação socioambiental impacta diretamente todas as partes interessadas fará com que empresas levem a agenda ESG a sério, tornando os temas ambientais, sociais e de governança em prioridade em um contexto de pós-pandemia. A conclusão é de uma pesquisa do Global Network of Directors Institutes (GNDI), grupo que congrega 22 institutos de governança ao redor do mundo.

O estudo, que está em sua segunda edição, buscou analisar os principais desafios dos conselhos e governança corporativa, agora levando em consideração os impactos da pandemia. Além disso, buscou mapear as ações prioritárias dos conselheiros na reestruturação de empresas após a crise. No Brasil, o GNDI é representado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), principal instituição de fomento às boas práticas de governança do país.

As melhores oportunidades podem estar nas empresas que fazem a diferença no mundo. Veja como com a EXAME Research

Participaram da pesquisa 1.964 conselheiros de 17 institutos em todo o mundo. Foram 94 respondentes brasileiros, que participaram do estudo por intermédio do IBGC entre agosto e setembro de 2020.

Quando perguntados sobre os principais desafios enfrentados durante a crise da covid-19, quase metade dos respondentes globais (47,9%) disseram ser ajustar as estratégias da organização aos novos mercados e ambiente, enquanto 45,2% dos conselheiros afirmaram ser garantir a efetividade das decisões de governança que afetam os stakeholders.

Nesse cenário, o ESG passa a ser um elemento ainda mais relevante, segundo Pedro Melo, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). “Se levarmos em consideração que a atuação socioambiental de um conselho afeta as partes envolvidas, e os conselheiros estão naturalmente mais preocupados em garantir boas ações de governança para stakeholders, o ESG passa a ser elementar para a  continuidade de uma operação”, afirma.

ESG no topo da lista

Com o fim da pandemia, a pauta dos conselhos de administração será totalmente reconfigurada, segundo a pesquisa. A discussão de temas ambientais, sociais e de governança estarão mais presentes e serão prioridade para 85% dos conselhos. Em seguida, estarão o reposicionamento de negócios e a competição por talentos, com 82% e 81% das respostas, respectivamente.

Em relação aos impactos da covid-19 na governança corporativa, quando perguntados se os conselhos atuariam com maior ênfase nas questões ESG depois da crise, 67% responderam positivamente. “Sabemos que o ESG é um assunto em evolução. Mas ficou claro que, durante a pandemia, ficou muito mais evidente que há uma observação do mercado para o tipo de contribuição que cada empresa pode dar à essa agenda”, disse.

O reposicionamento de negócios, segundo Melo, está relacionado ao impacto da tecnologia e seus efeitos no dia a dia da empresa. Enquanto a competição por talentos tem a ver com a mudança das habilidades exigidas pelas companhias para a contratação e retenção de colaboradores.

Apesar de ser assunto comum às organizações há um tempo, o posicionamento ético foi colocado à prova nos últimos meses, e as empresas que de fato possuíam propósitos bem definidos mostraram maior resiliência, segundo Melo. “A pandemia mostrou aos conselhos que a crise vem para comprovar todo esse arcabouço de boas práticas”, diz.

Para Melo, a união e engajamento de stakeholders com a missão de reforçar o posicionamento ético de empresas também foi um reflexo comum no período, e deve se tornar uma herança para os próximos meses. Esse engajamento também ficou evidente na pesquisa: cerca de 40% dos entrevistados indicaram que sua dedicação de tempo ao conselho aumentou ao menos 50% durante a crise.

Impactos no longo prazo

O estudo buscou analisar quais ações serão adotadas por conselhos no cenário pós-covid. A resposta predominante (71%) foi a de demandar a incorporação de um conjunto mais abrangente de risco nos relatórios enviados aos acionistas. Para isso, os conselhos passarão a incluir um escopo mais amplo de fatores que antes eram vistos como isolados, mas agora são necessários na projeção de cenários futuros.

Alguns exemplos de riscos relacionados à atuação ESG nos conselhos, segundo Melo, são as mudanças climáticas, novas pandemias, restrições de mobilidade e a perda de profissionais em função de uma crise sanitária ou econômica.

Os dados representam um grande avanço quando comparados à versão da pesquisa lançada em 2018, quando somente 17% dos conselhos consideravam riscos climáticos importantes para a estratégia e atuação corporativa, e apenas 13% olhavam para a mensuração das emissões de carbono como um fator relevante, por exemplo.

A tendência por uma maior digitalização dos conselhos também foi destacada pelos conselheiros sobretudo do Brasil. 73% dos brasileiros acreditam que mais de 40% das reuniões dos conselhos passarão a ser virtuais daqui em diante, enquanto na amostra global esse percentual é de 57%.

Segundo Melo, parte das intenções dos conselhos daqui em diante já havia sido antecipada pelo IBGC, que lançou recentemente uma agenda positiva de governança corporativa, que sugere medidas a serem tomadas pelos líderes, apoiadas em seis pilares: ética e integridade; diversidade e inclusão; ambiental e social; inovação e transformação; transparência e prestação de contas e conselhos do futuro.

 

De 0 a 10 quanto você recomendaria Exame para um amigo ou parente?

Clicando em um dos números acima e finalizando sua avaliação você nos ajudará a melhorar ainda mais.

Últimas Notícias

ver mais
Petróleo: Demanda mundial deve cair cerca de 40% nas próximas décadas, diz diretor da Petrobras
ESG

Petróleo: Demanda mundial deve cair cerca de 40% nas próximas décadas, diz diretor da Petrobras

Há 4 horas
Mais diversidade é chave para a governança das companhias
ESG

Mais diversidade é chave para a governança das companhias

Há 9 horas
Dia Mundial do Meio Ambiente: evento gratuito reúne especialistas para debater rumos do ESG no mundo
ESG

Dia Mundial do Meio Ambiente: evento gratuito reúne especialistas para debater rumos do ESG no mundo

Há 10 horas
Brasil vai emitir 'títulos verdes' no segundo semestre, diz secretário da Fazenda
ESG

Brasil vai emitir 'títulos verdes' no segundo semestre, diz secretário da Fazenda

Há 10 horas
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais