Enquanto 36% dos negócios se preocupam com preservação, mais da metade desconhece ações sustentáveis
Pesquisa do Centro Sebrae de Sustentabilidade analisou mais de 4 mil pequenas empresas brasileiras e concluiu que o maior desafio atual é ampliar a conscientização ambiental
Repórter de ESG
Publicado em 24 de outubro de 2024 às 18h07.
Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 12h48.
Na transição para uma economia verde, os pequenos negócios tem papel crucial -- seja pela sua contribuição produtiva, inovação, ou resiliência para se adaptar frente às mudanças climáticas e tecnológicas. Uma nova pesquisa do Centro Sebrae de Sustentabilidade divulgada na quarta-feira, 23, buscou entender a contribuição das micro e MPEs brasileiras na Agenda 2030 da ONU e como elas adotam práticas de sustentabilidade em suas operações.
Ao todo, são 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas associadas nesta agenda firmada em 2015, visando um equilíbrio entre crescimento econômico, bem-estar social e proteção ambiental. Mas quase uma década após a adoção deste compromisso, o Brasil ainda enfrenta desafios para sua implementação.
Após analisar quatro mil pequenos negócios em todas regiões do país, o Sebrae revelou que apenas35% conhecem as práticas sustentáveise mais de65% desconhecem os ODS.
Ao mesmo tempo, há uma enorme oportunidade para reverter o cenário: cerca de 36,4% das comprometidas com a agenda sustentável afirmam se preocupar com questões relacionadas à preservação ambiental e justiça social e seis em cada dez (60%) acreditam que podem contribuir.
"Este é o tamanho do nosso desafio para apoiar estes negócios na agenda 2030. Todos nós devemos ser missionários e engajados em fortalecer estas iniciativas", disseAndré Schelini, diretor Técnico do Sebrae/MT,à EXAME. Segundo ele, é precisoampliar aconscientização ambientale o letramento, além de compartilhar as melhores práticas.
Nelson Hervey Costa, Superintendente do Sebrae de São Paulo, complementou à EXAME que a pesquisa é muito importante para impulsionar o desenvolvimento econômico sustentável, em uma semana marcada pelo “B20 Summit" -- evento de encerramento do principal fórum do setor privado doG20-- que também acontece em novembro noRio de Janeiro.
"Em 2025, também teremos uma cúpula gigantesca em Belém, que é a COP30. Este é um desafio grande de fomentarmos a economia circular, bioeconomia, economia verde e de baixo carbono entre os empresários", disse Nelson.
No Brasil, o Pacto Global da ONU reforça a urgênciado comprometimento da sociedade com as metas da Agenda 2030. Atualmente, 84% das empresas que fazem parte do movimento do setor privado já estão avançando em direção aos ODS, mas apenas 46% delas incorporaram os compromissos em suas estratégias de negócios.
Patinando no ESG
Entre outros destaques da pesquisa, está a análise por pilar ambiental, social e de governança (ESG).
No quesito ambiental, 72.92% das empresas não monitoram suas emissões, 51,64% afirmam não adotar nenhuma prática para reduzir a poluição, assim como 26,63% não fazem nada para economizar água e diminuir o consumo elétrico (86%). Apenas 58,28% afirmam separar os resíduos secos para reciclagem.
Do lado social, 59% dos empresários ainda não possuem um documento que proíba trabalho infantil e escravo, 57,73% não adotam nenhuma prática de gestão de fornecedores, 31,73% decidem suas compras só baseadas preço e não consideram critérios sustentáveis, e 62,93% pagam um salário-mínimo aos seus colaboradores.
Em aspectos de governança, 51,26% dizem que a empresa não possui visão, missão e propósito. Por outro lado, 48% possui um código de ética e conduta, 55% uma política de privacidade e uso de dados pessoais e 44% uma ouvidoria ou canal para denúncias.