Fernando Modé, CEO do Grupo Boticário: “Sempre achamos que a ação em si teria o poder de incentivar outras empresas” (Boticário/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 23 de agosto de 2021 às 18h44.
Última atualização em 23 de agosto de 2021 às 18h53.
O CEO do Grupo Boticário, Fernando Modé, tem um problema: a empresa é muito low profile. “Somos ‘no profile’, na realidade”, afirma, em tom de brincadeira. “Passaremos a dar mais publicidade às nossas ações”. O executivo é o convidado desta semana do podcast ESG de A a Z, produzido pela EXAME. Além de comunicação, Modé falou sobre internacionalização e a influência dos acionistas na estratégia de companhias fechadas e abertas.
Dar publicidade às ações ESG, segundo o CEO, tem um efeito educacional. “Sempre achamos que a ação em si teria o poder de incentivar outras empresas”, afirma. “Não é bem assim que funciona”. Como exemplo, Modé cita a tradição ambiental do Boticário, primeira empresa nacional a ter uma fundação voltada para a preservação florestal.
Incorporar o ESG à cadeia de suprimentos é o grande desafio das empresas que atuam com base no modelo. Modé, no entanto, ressalta que não basta olhar para trás. “A maior dificuldade está na parte que não controlamos, os impactos dos produtos no consumo”, afirma. Recuperar e reciclar embalagens é um problema difícil de resolver pois a cadeia é muito dispersa, segundo o executivo. “É difícil direcionar”, afirma.
Em abril, a companhia assumiu 16 compromissos socioambientais reunidos na plataforma "Uma Beleza de Futuro". Uma das metas é neutralizar as emissões de carbono até 2030 e ter melhor eficiência energética em fábricas e centros logísticos.
A empresa também anunciou ter atingido a marca de 100% das fábricas operando com energia renovável, advinda das fontes éolica, solar, hidrelétrica e biomassa; e realizou a primeira emissão de títulos verdes atrelados a metas de sustentabilidade do país, em uma captação de 1 bilhão de reais.
Expandir ou não para outros países, como fez a concorrente Natura, com sucesso, é um dos grandes dilemas estratégicos do grupo. Segundo Modé, o momento ainda não é de pensar em dar voos no exterior. “Não há nenhuma companhia com uma participação de mercado relevante no Brasil, nem a Natura”, diz ele. “Temos espaço para crescer aqui.”
Antes de assumir o posto de CEO, Modé foi o diretor financeiro (CFO) da empresa. Nesse papel, recebeu muitos pedidos dos bancos para fazer a abertura de capital do Boticário. “Para eles seria um produto muito bom, que gostaria de ter na prateleira”, comenta. “Mas temos a sorte de contar com dois acionistas muito alinhados, que pensam no longo prazo. A gente brinca que também estamos focados no resultado do ‘quarter’, mas de século.”
Esse pensamento no longo prazo, pondera Modé, é o que fez a empresa investir em diversas marcas e produtos, algo fundamental durante a pandemia. “Quem tinha dispersão geográfica, mas apenas um produto, sofreu. Nós conseguimos amenizar os efeitos negativos da pandemia pela diversidade de produtos”, afirma o CEO.
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