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Bancos podem ganhar US$ 44 bilhões por ano ao financiar economia de baixo carbono, aponta estudo

Pesquisa da consultoria Bain & Company, divulgada com exclusividade à EXAME, aponta que investimentos do setor financeiro devem atingir US$ 600 bilhões até 2030

Pesquisa da Bain & Company aponta para benefícios financeiros dos bancos a partir dos financiamentos para mudar cenário de emissões de CO2 nas empresas (Digital Vision/Thinkstock)
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 07h00.

Última atualização em 13 de agosto de 2024 às 15h08.

Com os impactos cada vez maiores das mudanças climáticas, novos investimentos avançam para garantir a transição para uma economia de baixo carbono. O setor financeiro deve ser a área com maior protagonismo nessa jornada, aponta uma pesquisa da consultoria estratégica Bain & Company, divulgada com exclusividade à EXAME.

As instituições financeiras serão as responsáveis pelo maior volume de investimentos para garantir a redução das emissões de carbono, de acordo com a análise. Até 2030, os financiamentos a partir de bancos devem atingir US$ 600 bilhões. Outros setores, como o industrial e governos, devem investir US$ 430 bilhões e US$ 350 bilhões, respectivamente.

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Os ganhos financeiros dos bancos, no entanto, podem atingir os US$ 44 bilhões anuais a partir da transição econômica. As oportunidades são maiores para instituições financeiras das Américas, segundo a pesquisa: bancos norte-americanos receberão até US$ 19,3 bilhões em receita a partir do financiamento de clientes na busca pela transição.

Na América do Sul, as instituições financeiras devem receber US$ 3,7 bilhões; os asiáticos receberão US$ 8,4 bilhões; os europeus, US$ 7 bilhões; e os do Oriente Médio e África, US$ 5,5 bilhões.

De acordo com o sócio da Bain & Company, Silvio Marote, o cenário no Brasil se diferencia do internacional: enquanto países europeus buscam financiamentos para acelerar sua mudança namatrizde emissões dos setores de energia e transporte, o maior causador de emissões na economia brasileira atualmente é o agronegócio, a partir das alterações do solo.

“O Brasil tem desafio maior nisso, e dada a importância desse tema na economia, o agronegócio também tem sido o setor com que os bancos têm trabalhado mais. Não apenas por não trabalhar com clientes que não cumprem a legislação, mas também fornecendo instrumentos para apoiar o setor na transição, como financiando práticas de agricultura e criação de gado com menor taxa de emissões de carbono”, explica Marote.

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O especialista aponta que a criação de soluções baseadas na natureza para “manter a floresta em pé e reflorestar o que foi desmatado” também é um dos incentivos dos bancos no País. “Muito do que é necessário das empresas brasileiras e do setor financeiro, especificamente, já está acontecendo. A instituição financeira que não embarcar nessa jornada vai ser prejudicada”, conta sobre o estágio atual da transição.

O ponto de partida do mercado brasileiro na transição já é mais avançado do que outras nações, de acordo com Marote. “Temos uma matriz energética 82% limpa, e muito tem sido investido na energia solar e eólica. O que precisamos avançar é emfrotasefábricasmenos emissoras ”, explica.

A relação entre investimentos públicos e privados também foi analisada pelo sócio. Investimentos de risco ou em casos em que se é difícil avaliar o retorno acabam afastando investidores, desafio financeiro que é compensado por fontes governamentais. “O governo tem instituições financeiras próprias, com orçamentos e formas independentes. Nesse sentido, um investimento de maior risco, que atrai menos o setor privado, tem maior apetite do público ou público-privado”, conta.

“Dada a natureza desses investimentos, o papel do setor público tende a ganhar importância, seja para investir diretamente ou criar mecanismos que tragam conforto ao setor privado, seja pela estabilidade, mitigação dos riscos ou atração de investidores”, explica.

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No entanto, nem tudo são flores nos investimentos públicos. “O que tem acontecido é que os governos têm sido mais rígidos, com maiores penalizações regulatórias ”, explica.

Como bancos podem mudar a matriz de emissões?

A Bain & Company ainda indica passos para que os bancos invistam mais na redução de CO2 de seus clientes, ação considerada essencial para a nova economia. “Se uma instituição financeira não tem a capacidade de ajudar uma empresa a transicionar, ela nem vai ser chamada para a mesa de debate. Os bancos se beneficiam também dessa jornada, e não embarcar nela significa não estar capacitado e habilitado”, conta Marote.

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