Bancos de desenvolvimento podem destinar US$ 4 trilhões para transição verde, diz BlackRock
Com reformulação, instituições multilaterais públicas têm condições de desembolsar mais e ajudar emergentes no combate aos efeitos das mudanças climáticas
Jornalista
Publicado em 28 de novembro de 2023 às 18h13.
Última atualização em 28 de novembro de 2023 às 18h50.
Uma reforma das instituições financeiras públicas viabilizaria a liberação de até US$ 4 trilhões adicionais para ajudar os mercados emergentes (ME) no enfrentamento das consequências das mudanças climáticas. A projeção foi feita pela BlackRock Investment Institute e divulgada nesta terça-feira, 28.
A reformulação de bancos multilaterais de desenvolvimento (BMD), como o Banco Mundial, hoje presidido por Ajay Banga, permitiria usar melhor o capital disponível hoje e aumentar os financiamentos climáticos para os mercados emergentes, que hoje sofrem com a escassez de recursos, aponta a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo.
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A proposta da BlackRock é divulgada pouco antes da abertura da COP28, em Dubai. O evento terá a participação de Larry Fink, presidente do conselho de administração e integrante do comitê consultivo da COP de Dubai. deste ano e participará pessoalmente nas conversações no Dubai.
Fôlego financeiro
Os bancos multilaterais de desenvolvimento, segundo os autores do estudo, devem ter fôlego para "cobrir as perdas iniciais " que deverão surgir a partir de investimentos em projetos de infraestrutura, particularmente nos mercados emergentes.
A necessidade de investimento na transição nas economias emergentes é muito grande e está longe de ser atendida, avalia-se. O financiamento público tem sido ineficiente na mobilização de capital privado em escala. Nesse contexto, os bancos multilaterais de desenvolvimento teriam um papel importante a ser exercido.
Como avalia o estudo, os mercados emergentes desempenham um papel decisivo na transição global para uma economia de baixo carbono. Essas economias, avalia, serão responsáveis por mais de metade da procura de energia e das emissões de carbono até 2050. “Acreditamos que isto significa que a forma e a velocidade das transições dos ME definirão, em grande parte, a velocidade e a forma da transição global”, detalha o texto.
Ainda segundo o relatório, as consequências de um clima em mudança serão ainda mais graves para os ME do que para os mercados desenvolvidos. Pesam contra esses países o maior crescimento e uma procura mais forte por energia, um custo de capital mais elevado para financiar a transição, um maior percentual de emissões difíceis de atenuar, dificuldade de acesso a tecnologias de baixo teor de carbono e uma maior exposição a danos físicos causados pelo clima.
“O investimento relacionado com a transição nos mercados emergentes será provavelmente muito inferior ao necessário numa série de cenários”, alerta o relatório. Essa tendência já é percebida. Os aportes agregados com baixas emissões de carbono nos ME, excluindo a China e a Rússia, mantiveram-se estáveis, enquanto o que se viu nos desenvolvidos e no gigante asiático foi uma aceleração.
Números alarmantes
A BlackRock estima que as necessidades anuais de investimento dos ME poderão ser entre 17 e 24 vezes superiores aos recentes compromissos públicos dos países em desenvolvimento para o financiamento da luta contra as alterações climáticas, ou os investimentos públicos ou privados destinados para a descarbonização da economia ou o financiamento da adaptação e a resiliência às alterações climáticas físicas.
"Se as reformas substanciais não se concretizarem, as oportunidades de investimento em infraestruturas energéticas de baixo carbono serão mais limitadas", avalia a BlackRock. O cenário com os emergentes preteridos "poderia significar mais riscos físicos para o clima".