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Apenas 1 em cada 4 pessoas LGBTQIAP+ conseguiu emprego formal no último ano, aponta estudo

Pesquisa do Fundo Positivo em parceria com o Instituto Matizes aponta que, embora estratégias de inclusão produtiva para a população tenham crescido 60% nos últimos anos, a mão de obra ainda é subaproveitada

Pesquisa ressalta importância de iniciativas de capacitação e desenvolvimento econômico voltadas para essa população (Getty Images/Reprodução)
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 28 de agosto de 2024 às 16h50.

Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 17h07.

Garantir oportunidades no mercado de trabalho formal continua sendo um grande desafio para a comunidade LGBTQIAP+. Segundo uma pesquisa realizada pelo Fundo Positivo, organização de saúde preventiva, em parceria com o Instituto Matizes, apenas uma em cada quatro pessoas dessa comunidade conseguiu um emprego formal com carteira assinada no último ano.

O estudo, intitulado Inclusão Econômica e Geração de Renda da População LGBTQIA+ no Brasil: Desafios, Iniciativas e Financiamentos, foi realizado de outubro de 2023 a março de 2024, contando com a participação de mais de 100 organizações sociais. Os resultados ressaltam a importância de iniciativas de capacitação e desenvolvimento econômico voltadas para essa população.

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Os dados indicam que o número de projetos focados na geração de emprego e renda para pessoas LGBTQIAP+ cresceu 63% entre 2021 e 2023. No entanto, apesar dos esforços das organizações sociais, o mercado de trabalho formal ainda impõe barreiras para a absorção dessa mão de obra qualificada.

Lucas Bulgarelli, diretor-executivo do Instituto Matizes, destaca que a pandemia agravou a dificuldade da população LGBTQIAP+ em obter renda, tornando necessárias mudanças urgentes.

""É crucial reduzir os índices de exclusão econômica. O preconceito e a discriminação durante os processos de contratação continuam empurrando uma parte significativa da população LGBTQIA+ para o subemprego, desemprego e informalidade. Apesar da ampliação dos projetos, a absorção dessa força de trabalho ainda é insuficiente", afirma."Lucas Bulgarelli, diretor-executivo do Instituto Matizes

As iniciativas de inclusão econômica priorizam a população trans, que enfrenta altos índices de exclusão econômica devido ao preconceito: 51% dos projetos trabalham com mulheres trans, 49% com travestis e 39% com homens trans.

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Falta apoio e financiamento

Entre os principais desafios para a inserção dessa comunidade na economia, 45,2% das organizações apontam a falta de apoio governamental. Além disso, 42,3% destacam que a iniciativa privada poderia se envolver mais na causa. A criação de vagas afirmativas e a implementação de políticas internas inclusivas são citadas como mecanismos eficazes para promover a inclusão econômica da população LGBTQIAP+ no mercado formal.

Bulgarelli enfatiza quetanto o setor público quanto o privado têm responsabilidade na inclusão dessa população no mercado de trabalho. "Enquanto o setor público deve se comprometer com a criação de programas e políticas públicas voltadas para a empregabilidade e a geração de renda, o setor privado precisa incorporar de forma mais estruturada a mão de obra LGBTQIA+ qualificada, garantindo processos de recrutamento livres de discriminação ", explica.

Atualmente, apenas 30,4% dos projetos de inclusão econômica e produtiva para a população LGBTQIAP+ são financiados por editais governamentais. As empresas financiam 49,3% desses projetos, enquanto 29% dependem de captações e doações de empresas e organizações sociais.

Apagão de informações

A falta de dados sobre a população LGBTQIAP+ também dificulta a compreensão da real dimensão do problema. A ausência de informações sobre escolaridade, renda, inserção no mercado de trabalho, idade e raça impede o desenvolvimento de políticas públicas eficazes para a geração de renda e promoção econômica.

"Como o Censo brasileiro não inclui perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero, torna-se mais difícil identificar as principais necessidades e vulnerabilidades dessa população, além de suas potencialidades e o impacto como força produtiva", complementa Bulgarelli.

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