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A eleição de Trump pode intensificar a crise climática?

Retorno do ex-presidente à Casa Branca eleva preocupação com o meio ambiente

Trump provavelmente terá atuação limitada contra forças de mercado que favorecem as energias renováveis. (AFP)

Trump provavelmente terá atuação limitada contra forças de mercado que favorecem as energias renováveis. (AFP)

Rafael Kelman
Rafael Kelman

Colunista

Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 11h00.

Durante o governo de Joe Biden, os Estados Unidos deram passos significativos rumo à transição energética, com a instalação massiva de fontes de energia limpa. A geração de energia solar e eólica já representa mais de 1/6 do total do país, e as emissões de gases de efeito estufa vêm diminuindo, mesmo com o crescimento acelerado da economia.

Parte desse progresso é impulsionado pela queda nos custos das tecnologias renováveis. O módulo solar, que hoje custa somente US$ 0,10 por Watt-pico (Wp), custava US$ 0,15/Wp há um ano. Por isso, o interesse nessas tecnologias cresceu tanto, havendo 170 gigawatts (GW) de capacidade renovável em projetos a serem desenvolvidos. Os sistemas de armazenamento de energia também crescem rapidamente. As baterias são essenciais para lidar com a variação da produção solar, especialmente a chamada “curva do pato”.

Além disso, o governo Biden criou o Inflation Reduction Act (IRA), o maior programa de apoio à transição energética do mundo, com centenas de bilhões de dólares de investimentos, sendo a maior parte desse valor destinada a estados republicanos como o Texas, onde cerca de 400 mil empregos estão sendo gerados.

Essas são ótimas notícias, e correspondem ao copo meio cheio.

O copo meio vazio é o fato de que a produção de petróleo e gás natural também cresceu muito durante o governo Biden. E mais: boa parte da população norte-americana é basicamente indiferente à questão climática, o que ficou evidenciado na campanha de Kamala Harris, que não destacou os resultados do IRA.

A eleição de Trump pode até facilitar bandeiras políticas mais alinhadas do tipo “drill, baby, drill”. Mas, se o mercado global de óleo não crescer, inibido pelo avanço de veículos elétricos e por acordos setoriais, a produção dos EUA estará apenas deslocando produção de outros países, sem aumentar as emissões totais de CO2. Exceto por um detalhe: o ambiente político e econômico dos EUA deverá favorecer o aproveitamento da abundância de gás natural competitivo para, em curto prazo, instalar novas cargas elétricas, como a gigafábrica xAi de computação de Elon Musk, instalada em tempo recorde, com demanda de 150 MW.

Além disso, o licenciamento de novas linhas de transmissão capazes de conectar regiões com potencial de energia renovável aos centros de carga dos EUA tem se mostrado desafiador. O processo é bem complexo e lento (da ordem de dez anos). A consequência é que boa parte da carga dos data centers e outras deverá ser suprida com geração a gás natural, que pode ser instalada rapidamente. Nesse sentido, uma preocupação adicional são os vazamentos de metano, com impacto climático 80 vezes maior que o próprio CO2. Apesar de compromissos assumidos na COP 26 por 159 países, esses vazamentos seguem aumentando, inclusive nos EUA.

Assim, Trump provavelmente terá atuação limitada contra forças de mercado que favorecem as energias renováveis, em particular em estados republicanos; e, mesmo se ocorrer, o cenário “drill, baby, drill” deslocará óleo por óleo se a demanda global não subir, sem aumento do total de emissões de CO2. Por outro lado, uma economia aquecida nos EUA e a corrida das big techs por inteligência artificial poderão aumentar as emissões de gases de efeito estufa.

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