Vendas de máquinas industriais caem 21,9% no 1º quadrimestre
O presidente do Conselho de Administração da Abimaq, João Carlos Marchesan, diz que, apesar do momento atual, as instituições continuam fortes
Agência Brasil
Publicado em 31 de maio de 2017 às 16h43.
O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos totalizou R$20,146 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano, queda de 21,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Só em abril, a queda foi de 23,2% em relação a março. Os dados foram divulgados hoje (31) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
O presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, diz que, apesar do momento atual, as instituições continuam fortes e que a Abimaq acredita na aprovação das reformas estruturais.
“Esperamos que as reformas continuem em ritmo acelerado, elas são uma das maneiras para termos confiança e atrair investimentos”, afirmou.
Para ele, a economia brasileira depende da indústria. “Só a indústria vai gerar empregos, gerar mais tributos, só a indústria emprega mão de obra com qualificação e salário”, completou.
Recuo nas vendas
As vendas também apresentaram queda em abril, com 20,6% de recuo na comparação com o mês anterior.
Já na comparação com o mesmo período de 2016, a queda foi de 10,5%.
Segundo a Abimaq, foi o 25º mês de queda consecutiva.
No acumulado do ano (janeiro a abril), as vendas acumularam queda de 10%. Com média mensal de R$ 5 bilhões, este é o pior resultado da série histórica iniciada em 1999, de acordo com a entidade.
Esse resultado é metade dos valores mensais no período pré-crise (R$10 milhões ao mês).
“Um nível bastante baixo para a manutenção do parque industrial brasileiro, que não garante sequer a taxa de reposição de estoque”, ressalta a Abimaq.
No mercado interno, abril também registrou recuo, que foi de 8,6%. Isso acontece após o crescimento de 11% em março em relação ao mês anterior.
O resultado do ano acumula uma queda de 1,6% entre janeiro e abril em relação ao mesmo período de 2016.
Abril também foi negativo para as exportações, que recuaram 33,6% em relação a março.
Na comparação com abril de 2016, o resultado ficou negativo em 8%. No acumulado, o recuo é de 1%.
A Abimaq explica que a queda acentuada foi influenciada pela base elevada, já que no mês de março havia se registrado um crescimento de 55,6%, devido a vendas pontuais direcionadas para o setor de saneamento da China.
Para o presidente-executivo da Abimaq, José Velloso, o setor poderia exportar muito mais se tivesse incentivos.
“Nosso setor exporta bastante, só em 2016 exportamos 44% do nosso faturamento, mas poderíamos estar exportando muito mais se tivéssemos câmbio, financiamento à exportação - um tema para o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -, e outra coisa é seguro de crédito para exportação, uma coisa difícil no Brasil”, observa.
A queda das exportações em abril foi observada em todos os grupos de setores fabricantes de máquinas e equipamentos.
A maior queda aconteceu em infraestrutura e indústria de base, com recuo de 74,3%.
O resultado positivo foi puxado pelo setor de máquinas agrícolas, que acumulou crescimento de 61% no período.
A América Latina foi a maior compradora das máquinas do país, com crescimento de 19,8%, puxado pelo Mercosul, que aumentou em 35,3% suas compras de máquinas no Brasil.
Já as importações de máquinas recuaram 30,4% no último quadrimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
O nível de emprego teve uma ligeira queda, de 0,1%.
Estão ocupadas no setor 292 mil pessoas. No mesmo mês do ano anterior, houve queda de 5,2%, uma redução de 15,9 mil empregos.
Conjuntura econômica
Marchesan comentou a escolha do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para ele, colocar Paulo Rabello de Castro no cargo foi um acerto.
“O novo presidente é muito mais focado do desenvolvimento e indústria do país, nós temos uma confiança muito grande, é a pessoa certa no lugar certo”, declarou.
O diretor de competitividade da Abimaq, Mário Bernardine, comentou a projeção do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, que afirmou hoje (31) que o PIB no primeiro trimestre de 2017 marcará o fim da recessão.
A declaração do ministro não animou a entidade, que considera que, pelo menos no setor a crise está longe do fim.
“Todos os meses deste ano estamos abaixo dos meses do ano passado, em plena crise. Falar em retomada do crescimento é um desejo, mas os fatos não levam a essa conclusão, a previsão da Abimaq do início do ano era de 5%, hoje nossa previsão interna é zero, lamentavelmente vamos deixar para 2018 para falar em crescimento no Brasil”, afirmou Bernardine.