Usinas gastam mais água para produzir energia
Descasamento dos números oficiais, segundo gerente de Projetos da PSR, Bernardo Bezerra, viria de problemas de fricção, considerados estruturais do sistema
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 19h09.
São Paulo - A consultoria PSR, especializada no setor energético, acredita que os modelos oficiais adotados por órgãos ligados ao governo federal podem estar considerando uma eficiência inexistente no sistema elétrico brasileiro e que as usinas estariam utilizando 4% mais água para gerar o mesmo volume de carga.
A diferença poderia levar o governo federal a adotar decisões incorretas, por exemplo, em relação à necessidade ou não de realização de um racionamento de energia , assim como a data de seu início.
Além disso, exigiria a contratação adicional de 1.500 MW médios de energia.
O estudo interno considerou, de forma retroativa, as projeções adotadas pelo governo federal para o nível dos reservatórios.
E, considerando os números oficiais de geração das usinas, vazão e nível dos reservatórios, detectou um descasamento de informações.
O estudo mostrou que o nível dos reservatórios no início de 2012 deveria estar em 65%, e não em 43% conforme efetivamente realizado, caso fosse analisado de forma retroativa o modelo considerado para projeções futuras.
Essa diferença de 22 pontos porcentuais representaria uma carga de 5.000 MW médios acima do verificado.
A descasamento dos números, de acordo com o gerente de Projetos da PSR, Bernardo Bezerra, viria de problemas de fricção, considerados estruturais do sistema.
Eles possuem diferentes naturezas, incluindo restrições elétricas existentes no sistema e não mapeados, assoreamento de reservatórios e eficiência das hidrelétricas, entre outros aspectos.
"Os modelos oficiais não captam isso porque se acredita que a eficiência do sistema é maior do que aquela que ocorre na realidade", afirmou Bezerra, que participou nesta quinta-feira 4, de evento organizado pelo Grupo CanalEnergia.
"Quando pegamos os dados realizados e a vazão que chegou ao sistema, chegaríamos, dois anos depois, com um nível de reservatório maior do que efetivamente chegamos", complementou.
A análise explicaria o baixo nível de armazenamento dos reservatórios brasileiros, a despeito de o volume de chuvas no último período úmido não ser tão inferior a marcas atingidas em períodos anteriores.
"O nível dos reservatórios chegou a 20% no final de novembro, o pior dos últimos 18 anos (os dados consultados vão até 1997). Mas, se olharmos 2012 e 2013, tivemos um 2013 apenas 3% abaixo da média e, em 2012, apenas 13% quando olhamos o sistema interligado nacional", afirmou Bezerra.
"Se olharmos o triênio 2012 a 2014, tivemos 88% da média histórica. Os números mostram que não passamos pela pior seca da história", salientou.
Tais números levaram a PSR a utilizar os modelos atuais para uma análise aprofundada em relação ao que ocorreu entre 2012 e 2013. Identificou-se, então, uma incongruência entre os dados.
"O governo fala em um excedente de 6.000 MW médios, quando na verdade haveria um déficit de 1.500 MW médios", ressaltou Bezerra, em referência à declaração dada constantemente por Maurício Tolmasquim.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) destaca que haveria uma sobra estrutural de energia na casa de 6.000 MW médios.
Durante o evento, um representante da Aneel, não identificado, informou que os geradores terão de 12 a 24 meses para verificar in loco a situação efetiva dos reservatórios.
O levantamento ajudaria a entender qual tem sido a real utilização dos reservatórios pelas usinas, assim como identificar se a eficiência dessas unidades é de fato tão elevada quanto acredita o governo federal.
Racionamento
Bezerra também afirmou hoje que o risco de haver racionamento em 2015 está hoje em 19%.
O número considera uma previsão de afluência equivalente a 85% da média de longo termo (MLT) durante o período úmido.
Se esse número fosse reduzido para 74% da MLT, o risco cresceria 53%. Por outro lado, se a chuva chegasse a 109% da média histórica, o risco de racionamento seria zero.
São Paulo - A consultoria PSR, especializada no setor energético, acredita que os modelos oficiais adotados por órgãos ligados ao governo federal podem estar considerando uma eficiência inexistente no sistema elétrico brasileiro e que as usinas estariam utilizando 4% mais água para gerar o mesmo volume de carga.
A diferença poderia levar o governo federal a adotar decisões incorretas, por exemplo, em relação à necessidade ou não de realização de um racionamento de energia , assim como a data de seu início.
Além disso, exigiria a contratação adicional de 1.500 MW médios de energia.
O estudo interno considerou, de forma retroativa, as projeções adotadas pelo governo federal para o nível dos reservatórios.
E, considerando os números oficiais de geração das usinas, vazão e nível dos reservatórios, detectou um descasamento de informações.
O estudo mostrou que o nível dos reservatórios no início de 2012 deveria estar em 65%, e não em 43% conforme efetivamente realizado, caso fosse analisado de forma retroativa o modelo considerado para projeções futuras.
Essa diferença de 22 pontos porcentuais representaria uma carga de 5.000 MW médios acima do verificado.
A descasamento dos números, de acordo com o gerente de Projetos da PSR, Bernardo Bezerra, viria de problemas de fricção, considerados estruturais do sistema.
Eles possuem diferentes naturezas, incluindo restrições elétricas existentes no sistema e não mapeados, assoreamento de reservatórios e eficiência das hidrelétricas, entre outros aspectos.
"Os modelos oficiais não captam isso porque se acredita que a eficiência do sistema é maior do que aquela que ocorre na realidade", afirmou Bezerra, que participou nesta quinta-feira 4, de evento organizado pelo Grupo CanalEnergia.
"Quando pegamos os dados realizados e a vazão que chegou ao sistema, chegaríamos, dois anos depois, com um nível de reservatório maior do que efetivamente chegamos", complementou.
A análise explicaria o baixo nível de armazenamento dos reservatórios brasileiros, a despeito de o volume de chuvas no último período úmido não ser tão inferior a marcas atingidas em períodos anteriores.
"O nível dos reservatórios chegou a 20% no final de novembro, o pior dos últimos 18 anos (os dados consultados vão até 1997). Mas, se olharmos 2012 e 2013, tivemos um 2013 apenas 3% abaixo da média e, em 2012, apenas 13% quando olhamos o sistema interligado nacional", afirmou Bezerra.
"Se olharmos o triênio 2012 a 2014, tivemos 88% da média histórica. Os números mostram que não passamos pela pior seca da história", salientou.
Tais números levaram a PSR a utilizar os modelos atuais para uma análise aprofundada em relação ao que ocorreu entre 2012 e 2013. Identificou-se, então, uma incongruência entre os dados.
"O governo fala em um excedente de 6.000 MW médios, quando na verdade haveria um déficit de 1.500 MW médios", ressaltou Bezerra, em referência à declaração dada constantemente por Maurício Tolmasquim.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) destaca que haveria uma sobra estrutural de energia na casa de 6.000 MW médios.
Durante o evento, um representante da Aneel, não identificado, informou que os geradores terão de 12 a 24 meses para verificar in loco a situação efetiva dos reservatórios.
O levantamento ajudaria a entender qual tem sido a real utilização dos reservatórios pelas usinas, assim como identificar se a eficiência dessas unidades é de fato tão elevada quanto acredita o governo federal.
Racionamento
Bezerra também afirmou hoje que o risco de haver racionamento em 2015 está hoje em 19%.
O número considera uma previsão de afluência equivalente a 85% da média de longo termo (MLT) durante o período úmido.
Se esse número fosse reduzido para 74% da MLT, o risco cresceria 53%. Por outro lado, se a chuva chegasse a 109% da média histórica, o risco de racionamento seria zero.