Parque eólico: o complexo de Vamcruz, na Serra do Mel, também no Rio Grande do Norte, com capacidade para gerar 93 MW, está "significativamente avançado" com relação ao calendário (AFP/ Yasuyoshi Chiba)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2016 às 09h38.
Brasília - A força dos ventos mudou de vez a matriz elétrica nacional. Em 2016, as usinas eólicas, tradicionalmente conhecidas como "fonte alternativa", entram de vez para a base do sistema de geração do País. Ao todo, serão adicionados mais de 2,7 mil megawatts (MW) de energia eólica ao parque elétrico, o equivalente a 36% de toda a capacidade já instalada pelas usinas de vento do País.
O volume da geração eólica se amplia em 2017, com mais 2,9 mil MW. A expansão eólica só não será superior em relação à fonte hidrelétrica por conta do acionamento de Belo Monte, usina em construção no Rio Xingu, no Pará, que tem previsão de começar a ligar suas turbinas neste primeiro trimestre.
Os dados fazem parte do Plano Anual da Operação Elétrica (PEL), relatório elaborado em dezembro pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e que apresenta os projetos de expansão de geração previstos de janeiro de 2016 a abril de 2018.
A capacidade total de energia do Brasil hoje é de 140 mil MW, dos quais 91 mil MW, ou 65%, são retirados das usinas hidrelétricas. A segunda maior fonte, apontam os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são as usinas movidas a gás natural, que representam cerca de 10% de cada watt gerado no Brasil, seguidas pela usinas a óleo e biomassa.
As eólicas, que hoje acendem 5% de cada lâmpada do País, caminham para chegar a 12% nos próximos cinco anos. "Até 2020, seremos a segunda maior fonte de geração de energia do Brasil", diz Élbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). "Do ponto de vista político, este ano deverá ser péssimo, mas não deve ter grande impacto sobre nosso setor."
As eólicas não estão imunes aos efeitos da crise econômica e política. Com cerca de 30% de seus componentes importados, os projetos sentem os efeitos do câmbio. Com seus projetos em leilão desde 2009, essas usinas chegaram a ter preços de contratação inferiores a R$ 100 o megawatt-hora. No último leilão realizado, porém, essa cifra saltou para R$ 210 o megawatt-hora.
"Ainda assim, ficou bem abaixo dos projetos de biomassa, com preço em R$ 280, e de usinas solares, com preço na casa dos R$ 320", afirma Élbia. Concentrada no Nordeste do País, a expansão eólica tem ajudado a garantir o abastecimento de energia em um momento em que os principais reservatórios das hidrelétricas da região sofrem com a pior seca dos últimos 84 anos.
"Em 2015, as eólicas chegaram a gerar 30% da energia consumida no Nordeste e esse desempenho deve prosseguir neste ano. Tem muitos parques gerando acima da expectativa", comenta o especialista Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia.
Neste ano, serão adicionados 10,1 mil MW de energia à matriz nacional. Mais 13,9 mil MW entrarão em operação entre janeiro de 2017 e abril de 2018. Desse total, 57% virão das hidrelétricas, por conta das operações de Belo Monte e das usinas do Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) e Teles Pires, todas instaladas na Amazônia.
Neste mesmo intervalo, as eólicas representarão 29% da expansão total, com 7 mil MW. A solar, que hoje ainda não aparece nos gráficos, vai chegar a 1,7 mil MW e será 7% da capacidade instalada no período, mesmo volume da geração térmica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.