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Troca de ministros testa ortodoxia de Lula, dizem empresários

Nomeação de Guido Mantega, crítico da política econômica de Palocci, será prova de fogo para o governo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.

Os empresários consideram a troca de nomes no Ministério da Fazenda um verdadeiro teste para a ortodoxia econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, até às vésperas da campanha eleitoral de 2002, pregava idéias bem diferentes das que veio a adotar após sua posse. Desde então, o governo se esforça para demonstrar que a conversão foi sincera e que a economia era uma política de Estado, e não apenas da Fazenda. "Vamos deixar uma palavra de confiança no país e numa sociedade madura e democrática. O importante é que o presidente afirme seu compromisso com certas diretrizes da política econômica que devem ser preservadas e que o país", afirmou o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto, em nota à imprensa.

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), demonstra posição semelhante. "Esperamos do novo ministro que sua gestão preserve todos os indicadores macroeconômicos positivos que foram obtidos pela atual política econômica", declarou também em comunicado oficial.

Para Szajman, o mais importante é que o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, acelere o ritmo de queda dos juros básicos, a fim de alavancar o desenvolvimento. "Nossa maior expectativa é que os juros continuem a cair e que esta queda se faça de uma forma mais acentuada", disse.

Mesmo que o novo titular da Fazenda deseje efetuar mudanças radicais na política econômica, não haveria nem tempo nem condições de implantá-las rapidamente. A avaliação é do presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Walter Machado de Barros. "Qualquer que fosse o sucessor de [Antonio] Palocci [ex-ministro da Fazenda], não poderia efetuar uma mudança dos rumos da economia no curto prazo, isto é, ainda neste ano", afirma.

Bem recebido

A nomeação de Mantega foi bem recebida pelos empresários. "Acho que o presidente [Lula] foi feliz na escolha. Guido Mantega é um economista respeitado e, ao mesmo tempo, revelou, como ministro do Planejamento e presidente do BNDES, competência no desempenho das funções", afirmou Monteiro Neto, da CNI.

Para Szajman, da Fecomercio, será mais fácil o país conviver com juros menores, a partir de agora. "Como presidente do BNDES, Mantega demonstrou partilhar da frustração da sociedade brasileira diante dos juros altos", declarou.

O mercado também recebeu com calma a notícia da troca de ministros. "Era algo que o mercado já esperava há algumas semanas", afirma Walter Machado de Barros, do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças. Segundo Barros, as perdas apresentadas pela Bolsa de Valores de São Paulo ao longo do dia e a alta do dólar e do risco-país refletiram, muito mais, a desconfiança de que os juros americanos continuarão subindo, o que reduzirá o fluxo de capitais para o país.

Para Barros, não há riscos de populismo econômico neste ano, pois a equipe montada por Palocci deve permanecer na Fazenda e continuar a comandar o país de modo ortodoxo.

Em nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, destacou que o país está maduro o bastante para lidar com a saída de Palocci. "Devemos estar acima de nomes, preocupados em buscar as soluções mais adequadas para os problemas do país", afirmou.

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