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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.
O tráfego nas rodovias concedidas cresceu 4,6% em 2004. Como indicador de retomada da economia, o dado divulgado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) deve ser celebrado. Ao mesmo tempo, considerando o péssimo estado das estradas brasileiras, um fluxo maior de carros de passeio e caminhões precisa ser encarado com apreensão. No caso dos veículos leves, a cautela se deve à maior probabilidade de acidentes que o movimento acarreta. No caso dos veículos pesados, além das questões de segurança, a intensificação do tráfego aproxima a hora da verdade para um dos principais gargalos de infra-estrutura da economia brasileira.
Ainda que a pesquisa da associação se refira apenas aos 9,7 mil quilômetros de rodovias concedidas, normalmente em melhor estado, a alta do Índice ABCR de Atividade detecta elevações do fluxo geral na malha rodoviária brasileira.
De novembro para dezembro, o fluxo de veículos pesados, diretamente associado à produção industrial, registrou alta de 2,8%, ante queda de 0,1% dos veículos leves. Segundo Roberto Padovani, da Tendências, consultoria responsável pelo levantamento, o movimento de caminhões foi maior do que o esperado no último mês do ano. "Os bons resultados da indústria de bens duráveis e do setor de exportação contribuíram significativamente para o aumento do tráfego de pesados nas rodovias", diz o economista. Considerando todo o ano de 2004, o fluxo de veículos pesados foi 6,4% maior que o registrado em 2003, enquanto o de veículos leves avançou 3,8%.
Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), houve um avanço de 18% a 20% nas vendas de caminhões pesados em 2004. "Por esse dado, podemos imaginar em crescimento do fluxo até maior, mesmo descontando a renovação de frota", diz Clésio Andrade, presidente da entidade. Em sua opinião, caso o governo cumpra a intenção de direcionar entre 3 e 4 bilhões de reais às estradas em 2005, será possível ao menos resolver os piores trechos da malha rodoviária, que somam cerca de 20 mil quilômetros. Outros 3 mil quilômetros poderiam ser recuperados via projetos de Parcerias Público-Privadas, diz Andrade.
Segundo Ayrton Félix Cirilo da Silva, que assumiu nesta terça-feira (11/1) vaga na diretoria colegiada da Agência Nacional de Transportes Terrestres, o Brasil precisa redirecionar o sistema de transporte, priorizando ferrovias. "Atualmente elas representam apenas 24% da matriz de transporte, contra 81% na Rússia, 46% no Canadá e 43% nos Estados Unidos", afirma. Andrade, da CNT, discorda. "As rodovias respondem por 57% do transporte de cargas, e não há como reduzir para menos de 55%. Como o Brasil estava estagnado, o crescimento é inevitável. Não há como não priorizar a malha rodoviária."
Para amenizar as condições precárias das estradas, até batalhões de engenharia do Exército estão mobilizados. Ele vão tocar, em 2005, três dezenas de projetos de manutenção de rodovias federais, no valor de 144 milhões de reais (ante 60 milhões ano passado).
Com informações da Agência Brasil.