Temer afirma que há pessoas "dispostas a desestabilizar o país"
Após prisão de amigos, presidente acusou "essas pessoas", a quem não nominou, de não sentirem "a brasilidade no coração"
Reuters
Publicado em 2 de abril de 2018 às 18h06.
São Paulo - O presidente Michel Temer usou nesta segunda-feira seu discurso no Fórum Econômico Brasil-Países Árabes para criticar indiretamente a mais recente operação que levou à prisão seus amigos José Yunes, o coronel João Batista Lima Filho e o ex-ministro Wagner Rossi e afirmou que há pessoas "dispostas a desestabilizar o país" com "gestos irresponsáveis".
Desde as prisões, revertidas no última sábado, depois dos acusados prestarem depoimento, o Palácio do Planalto reagiu com entrevistas do porta-voz informal do governo, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e uma dura nota divulgada na sexta-feira. Temer, no entanto, não tratou diretamente do tema.
"Nesses quase dois anos de governo não foram poucos os embaraços e as oposições que nós sofremos, até gente disposta a desestabilizar o país com gestos extremamente irresponsáveis, que tem naturalmente repercussão internacional", disse o presidente em São Paulo.
Temer acusou "essas pessoas", a quem não nominou, de não sentirem "a brasilidade no coração".
"Apesar de tudo isso nós vencemos todas as dificuldades e chegamos onde estamos", disse. "Por mais que as pessoas protestem, por mais que as pessoas tentem segurar o crescimento do país, não conseguirão, porque o Brasil é maior que todos."
Na última quinta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso autorizou, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a prisão de Yunes, Lima e Rossi, além do dono da empresa Rodrimar, Celso Grecco.
Mesmo com a soltura de todos ainda no sábado, depois de prestarem depoimento, a ação foi vista no Planalto como um cerco ao presidente e uma tentativa de fazer chegar o inquérito até ele. Apesar das negativas oficiais, o governo teme uma terceira denúncia contra Temer.
Na semana anterior, mesmo com apenas 1 por cento de intenções de voto e uma rejeição de mais de 70 por cento, o presidente passou oficialmente a admitir que pode ser candidato à Presidência para "defender seu legado".