Economia

Efeito do câmbio valorizado pode ser descoberto apenas em 2006

Para economistas do Credit Suisse First Boston, só os resultados mensais da balança de comércio permitirão avaliar melhor se há equilíbrio ou apreciação excessiva do câmbio

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

Só o desempenho da balança comercial vai permitir uma avaliação mais rigorosa sobre os efeitos da valorização do câmbio. Para a equipe de economistas do Credit Suisse First Boston (CSFB), os resultados "extremamente fortes" das exportações no início do ano, mesmo com a apreciação do real em relação ao dólar, podem indicar que a moeda brasileira não está apreciada demais. A ressalva, dizem os analistas, é que o impacto negativo da taxa de câmbio tenha uma defasagem de um a dois anos sobre exportações e importações. Em outras palavras, existe a possibilidade de que os resultados atuais do comércio exterior ainda reflitam o patamar do câmbio vigente em 2003. Neste caso, as conseqüências negativas do real valorizado para a balança comercial surgiriam apenas em 2006 (em pleno ano eleitoral).

De qualquer modo, os analistas do CSFB afirmam que os modelos empregados pelos economistas para prever exportações e importações padecem de algumas problemas que podem levar a resultados subestimados. Entre as limitações, destacam-se falhas em capturar mudanças estruturais nas exportações brasileiras, detectar movimentos acentuados de preços e quantidades de alguns produtos (por exemplo, um possível aumento de 40% no preço do minério de ferro), investimentos importantes de setores exportadores completando seu prazo de maturação e reajustes de preços em dólar praticados por alguns exportadores.

Conta corrente

Se o comércio exterior realmente desapontar, a equipe do CSFB calcula que, em um cenário de câmbio estável em 2,60 reais por dólar, pode haver déficit em conta corrente de 2,7 bilhões de dólares já neste ano e de 3,5 bilhões em 2006. Em 2004, houve um superávit de 11,8 bilhões de dólares. Essa reversão no saldo em transações correntes daria força à avaliação de que o atual patamar da taxa de câmbio não é compatível com a redução da vulnerabilidade externa. Seguindo essa linha de raciocínio, o atual nível de câmbio pode ser insustentável no médio prazo.

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