Exame Logo

Setor de bebidas deve repassar aumento ao consumidor

As empresas devem repassar o aumento dos impostos e dos custos para o produto final, o que pode comprometer o volume de vendas

Garrafa e copo de cerveja: o novo modelo tributário incidente sobre o segmento de bebidas frias deve começar a valer em janeiro (Dave Dyet / Stock Xchng)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2014 às 07h50.

São Paulo - A necessidade da indústria brasileira de bebidas de reajustar os preços de seus produtos em meio ao atual cenário macroeconômico do País pode dificultar as vendas do setor no primeiro semestre de 2015.

Diante das perspectivas de alta dos índices inflacionários e desaceleração da renda, companhias e associações são unânimes ao definir o próximo ano como "desafiador".

Na avaliação de analistas, mesmo diante do consumidor mais sensível a alterações de preços, as empresas devem repassar o aumento dos impostos e dos custos para o produto final, o que pode comprometer o volume de vendas.

"Todos têm uma visão macroeconômica de que o primeiro semestre será difícil. O ano de 2015 será desafiador, mas a nossa perspectiva é de que o setor retome o crescimento a partir da segunda metade do ano", afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado o presidente da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni.

Segundo ele, as companhias terão de ser ágeis na adaptação às mudanças do cenário econômico e político do País.

"O primeiro semestre de 2015 tende a ser o mais desafiador, justamente porque a indústria terá que passar por uma acomodação da questão tributária e das pressões de custos", explicou o vice-presidente de marketing da Brasil Kirin, Douglas Costa.

Em entrevista ao Broadcast, o executivo considerou que o porcentual do reajuste dos preços das bebidas em 2015 dependerá da concorrência.

"Se o consumidor começar a tomar sua decisão de compra com base nos preços, isso obviamente representa um impacto para as margens e tende a acirrar a competitividade do setor", avaliou Costa.

Resultado de uma longa negociação com o governo federal, o novo modelo tributário incidente sobre o segmento de bebidas frias (que inclui cervejas, água, refrigerantes e isotônicos) deve começar a valer em janeiro.

Ainda não está claro qual será o aumento real da carga tributária, mas especialistas lembram que o reajuste das alíquotas vem sendo adiado desde abril deste ano. Dessa forma, a expectativa é de que a alta ocorra logo no início de 2015.

A desvalorização do real frente ao dólar também deve pesar sobre os custos da indústria de bebidas. Na produção de cervejas, por exemplo, cerca 30% a 40% dos insumos são importados, com destaque para os cereais e para o alumínio, utilizado nas embalagens.

Segundo analistas de mercado, diante das expectativas de maiores custos em 2015, muitas companhias já adiantaram o aumento dos preços das bebidas no final deste ano. De acordo com levantamento do Bank Of America Merril Lynch, em novembro a Ambev, maior fabricante do País, reajustou em cerca de 10% os valores das suas cervejas.

"No entanto, grande parte dos bares e supermercados não repassou a alta e deve esperar até o carnaval para reajustá-los, o que mostra a sensibilidade dos consumidores em relação aos preços", comentam, em relatório, os analistas Fernando Ferreira, Isabella Simonato e João Almeida.

Com os preços mais altos, a expectativa é de que as vendas de bebidas deste verão fiquem abaixo do volume observado entre o período de dezembro a março passado.

Além da desaceleração da economia brasileira, o setor de bebidas terá de enfrentar também uma base de comparação difícil. Neste ano, o setor foi beneficiado por fatores sazonais, como o carnaval tardio e a realização da Copa do Mundo, que ajudaram a puxar as vendas, especialmente de cervejas.

A expectativa da CervBrasil é de que a produção da bebida termine o ano com um crescimento de cerca de 5% contra uma queda de 2,6% registrada em 2013. "Em 2015, temos ainda que superar o evento da Copa do Mundo, mas não será impossível", disse Petroni.

Segmento premium

Para driblar a queda do poder de compra do consumidor, as companhias brasileiras apostam na expansão de segmentos com maior capacidade de reajuste de preços, caso das cervejas premium. Segundo analistas, como são voltadas para as classes A e B, as vendas das cervejas especiais tendem a sofrer menos com a desaceleração da economia do País.

Segundo o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Ambev, Nelson Jamel, enquanto o volume total das vendas de cervejas no Brasil avançou somente 0,2% no terceiro trimestre de 2014, o volume de vendas das marcas Budweiser, Stella Artois e Original registrou crescimento porcentual de dois dígitos.

De acordo com Costa, neste ano o mercado de cervejas especiais teve um crescimento de 25%. A Brasil Kirin atua no segmento com as marcas Baden Baden e Eisenbahn. "Apesar de um volume pequeno, esse segmento apresenta uma rentabilidade até 5% maior do que o segmento mainstream", explicou.

Veja também

São Paulo - A necessidade da indústria brasileira de bebidas de reajustar os preços de seus produtos em meio ao atual cenário macroeconômico do País pode dificultar as vendas do setor no primeiro semestre de 2015.

Diante das perspectivas de alta dos índices inflacionários e desaceleração da renda, companhias e associações são unânimes ao definir o próximo ano como "desafiador".

Na avaliação de analistas, mesmo diante do consumidor mais sensível a alterações de preços, as empresas devem repassar o aumento dos impostos e dos custos para o produto final, o que pode comprometer o volume de vendas.

"Todos têm uma visão macroeconômica de que o primeiro semestre será difícil. O ano de 2015 será desafiador, mas a nossa perspectiva é de que o setor retome o crescimento a partir da segunda metade do ano", afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado o presidente da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni.

Segundo ele, as companhias terão de ser ágeis na adaptação às mudanças do cenário econômico e político do País.

"O primeiro semestre de 2015 tende a ser o mais desafiador, justamente porque a indústria terá que passar por uma acomodação da questão tributária e das pressões de custos", explicou o vice-presidente de marketing da Brasil Kirin, Douglas Costa.

Em entrevista ao Broadcast, o executivo considerou que o porcentual do reajuste dos preços das bebidas em 2015 dependerá da concorrência.

"Se o consumidor começar a tomar sua decisão de compra com base nos preços, isso obviamente representa um impacto para as margens e tende a acirrar a competitividade do setor", avaliou Costa.

Resultado de uma longa negociação com o governo federal, o novo modelo tributário incidente sobre o segmento de bebidas frias (que inclui cervejas, água, refrigerantes e isotônicos) deve começar a valer em janeiro.

Ainda não está claro qual será o aumento real da carga tributária, mas especialistas lembram que o reajuste das alíquotas vem sendo adiado desde abril deste ano. Dessa forma, a expectativa é de que a alta ocorra logo no início de 2015.

A desvalorização do real frente ao dólar também deve pesar sobre os custos da indústria de bebidas. Na produção de cervejas, por exemplo, cerca 30% a 40% dos insumos são importados, com destaque para os cereais e para o alumínio, utilizado nas embalagens.

Segundo analistas de mercado, diante das expectativas de maiores custos em 2015, muitas companhias já adiantaram o aumento dos preços das bebidas no final deste ano. De acordo com levantamento do Bank Of America Merril Lynch, em novembro a Ambev, maior fabricante do País, reajustou em cerca de 10% os valores das suas cervejas.

"No entanto, grande parte dos bares e supermercados não repassou a alta e deve esperar até o carnaval para reajustá-los, o que mostra a sensibilidade dos consumidores em relação aos preços", comentam, em relatório, os analistas Fernando Ferreira, Isabella Simonato e João Almeida.

Com os preços mais altos, a expectativa é de que as vendas de bebidas deste verão fiquem abaixo do volume observado entre o período de dezembro a março passado.

Além da desaceleração da economia brasileira, o setor de bebidas terá de enfrentar também uma base de comparação difícil. Neste ano, o setor foi beneficiado por fatores sazonais, como o carnaval tardio e a realização da Copa do Mundo, que ajudaram a puxar as vendas, especialmente de cervejas.

A expectativa da CervBrasil é de que a produção da bebida termine o ano com um crescimento de cerca de 5% contra uma queda de 2,6% registrada em 2013. "Em 2015, temos ainda que superar o evento da Copa do Mundo, mas não será impossível", disse Petroni.

Segmento premium

Para driblar a queda do poder de compra do consumidor, as companhias brasileiras apostam na expansão de segmentos com maior capacidade de reajuste de preços, caso das cervejas premium. Segundo analistas, como são voltadas para as classes A e B, as vendas das cervejas especiais tendem a sofrer menos com a desaceleração da economia do País.

Segundo o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Ambev, Nelson Jamel, enquanto o volume total das vendas de cervejas no Brasil avançou somente 0,2% no terceiro trimestre de 2014, o volume de vendas das marcas Budweiser, Stella Artois e Original registrou crescimento porcentual de dois dígitos.

De acordo com Costa, neste ano o mercado de cervejas especiais teve um crescimento de 25%. A Brasil Kirin atua no segmento com as marcas Baden Baden e Eisenbahn. "Apesar de um volume pequeno, esse segmento apresenta uma rentabilidade até 5% maior do que o segmento mainstream", explicou.

Acompanhe tudo sobre:bebidas-alcoolicasConsumidoresImpostosLeão

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame