Economia

Setor agropecuário pode crescer até 2,5% apesar da covid-19, diz Ipea

A cana-de-açúcar é a cultura que pode sofrer maior impacto decorrente da crise pela pandemia do novo coronavírus

Agropecuária: estimativas já consideram o impacto da crise pela pandemia do coronavírus (Arquivo/Agência Câmara)

Agropecuária: estimativas já consideram o impacto da crise pela pandemia do coronavírus (Arquivo/Agência Câmara)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de maio de 2020 às 15h14.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta crescimento de 2,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário brasileiro. O resultado considera os efeitos da pandemia de covid-19.

De acordo com a Carta de Conjuntura, divulgada nesta terça-feira(26) pelo órgão, o crescimento tem como base a previsão de safra anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Ipea, caso se considere a safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o crescimento deve ser de 2,3%.

No caso da pecuária, o resultado leva em consideração o volume de produção estimado pelas Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha do IBGE e pelas estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, considerados no modelo econométrico do Ipea.

O levantamento do instituto vai além do cenário base e, projetando um eventual cenário de estresse, no qual parte da produção seja afetada por eventos relacionados ao coronavírus, chegou a um resultado em que o desempenho é positivo, mas com um crescimento menor, de 1,3% para 2020. De acordo com o Ipea, esse crescimento seria sustentado principalmente pela lavoura.

“A lavoura tem um avanço projetado de 2,8%, sustentado pelas produções de soja e café (6,7% e 1,5%, respectivamente). A cana-de-açúcar é a cultura que pode sofrer maior impacto decorrente da covid-19 e da redução do preço internacional do petróleo e, neste contexto de estresse, pode ter queda de 1,9% na produção”, detalha o Ipea.

Mudanças no consumo

De acordo com o economista e pesquisador do Ipea, Fábio Servo, foi possível observar que o distanciamento social imposto pela pandemia resultou em mudança nos padrões de consumo da população, resultando em “picos de demanda” que impulsionaram os preços de produtos como arroz, banana, café e ovos. “Verificamos queda nos food services e preferência por cortes de carne menos nobres. Ainda assim, a produção da lavoura sustentou o resultado positivo do setor agropecuário”, afirmou o pesquisador.

Com relação às exportações, os produtos agropecuários registraram aumento de 7% entre janeiro e abril de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado. Comparando os quatro primeiros meses deste ano com 2019, o levantamento mostra que as exportações de carne bovina cresceram "fortemente" e atingiram 26,5%.

Segundo o documento, parte do resultado é explicado pela reabertura da carne in natura, em fevereiro para o mercado chinês. As exportações para aquele país registraram um crescimento de 138% entre janeiro e abril, na comparação com os quatro primeiros meses do ano passado.

Importações

Já as importações de produtos agroindustriais registraram queda de 5,5% entre janeiro e abril de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019. O Ipea, no entanto, lembra que o valor das importações brasileiras desses produtos (agroindustriais) é “muito inferior ao das exportações”, e que, por isso, o impacto na balança comercial do agronegócio é pequeno.

“O trigo e o malte – os dois produtos de maior valor da pauta – foram responsáveis por esse resultado, com reduções de 8,2% e 11,3%, respectivamente, no valor importado”, diz o estudo.

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