Economia

Sete países da UE aumentam pressão por acordo comercial com Mercosul

Espanha, Alemanha e outros europeus pedem que bloco econômico conclua as negociações com grupo sul-americano que tiveram início em 1999

Mercosul: bloco sul-americano busca acordo com União Europeia (Reprodução/Wikimedia Commons)

Mercosul: bloco sul-americano busca acordo com União Europeia (Reprodução/Wikimedia Commons)

A

AFP

Publicado em 21 de junho de 2019 às 17h05.

Os dirigentes de sete países europeus, entre eles Espanha e Alemanha, pediram a Bruxelas que conclua um "histórico" acordo comercial com o Mercosul, negociado desde 1999 e que, em sua reta final, enfrenta reservas dentro do bloco.

"Temos uma oportunidade histórica, estratégica, para fechar um dos acordos mais importantes da Política Comercial Comum Europeia", ressaltam em uma carta enviada na quinta-feira para o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, à qual a AFP teve acesso.

No momento em que as negociações parecem se aproximar do fim, o Executivo comunitário, encarregado de negociar em nome da União Europeia (UE), é alvo de uma campanha de pressão - tanto dos partidários do acordo quanto de seus críticos.

Dias atrás, em outra carta, os líderes da França, Irlanda, Bélgica e Polônia expressaram sua "profunda preocupação" sobre o impacto de um acordo na agricultura, um setor sensível que teme ser sacrificado em benefício da indústria.

"Ambas as partes devem estar dispostas a fazer algumas concessões finais para conseguir este acordo histórico", respondem os presidentes de Alemanha, Espanha, Holanda, Portugal, Suécia, Letônia e República Tcheca.

Os dirigentes defendem que "o comércio é chave para o crescimento econômico e a criação de emprego na UE" e ressaltam os benefícios para a indústria de veículos e autopeças, de maquinário, produtos químicos e farmacêutica.

A Comissão Europeia confirmou a recepção de ambas as cartas.

Negociadores em Bruxelas

Se chegar a bons termos, a negociação entre os 28 países da UE e as nações do Mercosul - Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - pode dar à luz a um dos maiores acordos de livre-comércio, com mais de 770 milhões de consumidores.

"São 20 anos de negociações. Já está mais do que na hora de darmos um impulso a este tratado", garantiu o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, após uma cúpula em Bruxelas, apontando para o interesse no Mercosul de encerrá-la "o quanto antes".

Os chefes negociadores de ambos os blocos se reúnem a partir desta sexta, em Bruxelas, para discussões em nível técnico. Se houver avanço, o encontro levará uma reunião de ministros na próxima semana, disse o comissário de Agricultura, Phil Hogan.

Segundo fontes ligadas à negociação, o encontro de ministros dos países do Mercosul com o irlandês Hogan e a comissária europeia do Comércio, a sueca Cecilia Malmström, será na capital europeia, em 27 de junho.

Hogan disse que já há "um bom acordo na questão industrial", falou de "dificuldades em nível agrícola" e reclamou das expectativas "pouco realistas" do Mercosul sobre os volumes em produtos agrícolas.

Uma fonte diplomática europeia reconheceu que alguns países têm observações sobre a oferta final da Comissão para encerrar a negociação.

No final de 2017, os europeus manifestaram sua disposição para fechar um acordo com o bloco sul-americano a exportação de 99.000 toneladas de carne bovina para a UE, uma oferta que ainda deve se formalizada.

Acompanhe tudo sobre:MercosulNegociaçõesUnião Europeia

Mais de Economia

Lula diz que governo e Congresso não gostam de cortes, mas que medidas são importantes

Qual será o valor do salário mínimo em 2025?

Olaf Scholz questiona tarifa da UE e propõe acordo com a China sobre carros elétricos

Serviços funerários entram na alíquota reduzida da reforma tributária