Economia

Sem citar Trump, Bolsonaro diz que tarifas afetam competitividade

Em discurso na cúpula do Mercosul, Jair Bolsonaro insiste na revisão Tarifa Externa Comum do bloco

Jair Bolsonaro: presidente fez menção às tarifas aplicadas por Donald Trump (Alan Santos/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: presidente fez menção às tarifas aplicadas por Donald Trump (Alan Santos/PR/Flickr)

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Agência O Globo

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 14h46.

Bento Gonçalves — Sem mencionar o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com relação ao aço brasileiro e argentino, na segunda-feira passada, o presidente Jair Bolsonaro questionou, em seu discurso de abertura da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, o “nível de impostos às importações” que “afetam a competitividade” de países como o Brasil.

Bolsonaro elogiou a aprovação da reforma da Previdência e assegurou que seu governo está, agora, “dedicado a uma nova rodada de reformas para aprofundar a modernização do Estado brasileiro”.

Num discurso breve e sem improviso - fato que o presidente lamentou antes de iniciar sua fala afirmando que “me recomendaram ler” -, Bolsonaro anunciou acordos de facilitação de comércio; integração nas fronteiras em matéria, por exemplo, de saúde e educação; um acordo de cooperação policial pelo qual parabenizou o ministro da Justiça, Sergio Moro; e a aprovação “da proposta brasileira de aumento do limite de isenção para bagagem em viagens aéreas, uma boa notícia para brasileiros que voltam de uma viagem ao exterior”, sobre o qual não ampliou detalhes.

"A taxação excessiva afeta a competitividade", declarou Bolsonaro, sem mencionar a sobretaxa de 25% e 10% anunciada por Trump sobre as importações de aço e alumínio de Brasil e Argentina, respectivamente.

 

Nesse trecho do discurso, o presidente insistiu na defesa que seu governo faz de rever a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, algo que não é bem visto pelo futuro governo argentino do presidente eleito Alberto Fernández.

Em Buenos Aires, a decisão comunicada por Trump causou profundo mal estar e, segundo fontes, poderia levar Fernández a implementar medidas de proteção à indústria nacional, nos moldes de políticas aplicadas no passado pelos governos Kirchner.

Fala-se em voltar a um esquema de “comércio administrado” que não pouparia os sócios do Mercosul, algo que preocupa, e muito, empresários brasileiros, sobretudo de manufaturas, já que a Argentina é seu principal mercado.

"Não podemos perder tempo. Temos de levar adiante as reformas que estão dando vitalidade ao Mercosul, sem aceitar retrocessos ideológicos",  afirmou Bolsonaro, intensificando as tensões com o futuro governo argentino.

O presidente brasileiro pregou a necessidade de promover um “Mercosul mais enxuto e eficiente em sintonia com a racionalização do Estado que levamos adiante no plano interno”.

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