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Se for preciso, decisão sobre diesel pode ser postergada, diz governo

Em nota, Petrobras admitiu o pedido do presidente Jair Bolsonaro, mas disse que a decisão final foi técnica

Interferência do governo fez com que a companhia perdesse R$ 30 bi em valor de mercado (Sergio Moraes/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de abril de 2019 às 19h37.

Última atualização em 12 de abril de 2019 às 20h39.

Brasília — O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta sexta-feira, 12, que a reunião do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e técnicos da empresa na próxima terça-feira, 16, pode levar a uma decisão sobre o preço do diesel. Ele, no entanto, deixou em aberta a possibilidade de que a decisão possa ser postergada se o presidente entender que faltam informações para subsidiar uma decisão.

"A reunião por princípio é para tomar uma decisão, mas se decidir-se por um aprofundamento dos dados, naturalmente não será na terça-feira o resultado", afirmou o porta-voz. Segundo ele, se o presidente e os técnicos avaliarem que precisam de mais informações, a decisão sobre o diesel pode não ser tomada na terça.

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Barros também afirmou que Bolsonaro não irá intervir politicamente nas decisões da Petrobras, mas ressaltou que cabe ao presidente saber como a empresa se baseia para definir os preços dos combustíveis vendidos por ela. A reunião, segundo o porta-voz, tem por finalidade identificar aspectos técnicos da decisão. "Caracteriza a necessidade do dirigente do poder Executivo de identificar quais são os aspectos que levam tecnicamente estas decisões que são tão importantes para a sociedade", disse.

"Presidente entende que não deve haver interferência política"

"O presidente entende que a Petrobras não deve sofrer interferência política. (...) E realmente não se discutia, se impunha (o preço). Ele não impõe, ele discute e busca informações", afirmou Barros em entrevista à imprensa. Ele afirmou que Bolsonaro decidiu pedir ao presidente da Petrobras que não reajustasse o preço até que ele pudesse discutir a questão com a equipe técnica da petrolífera na próxima semana.

Questionado sobre se o presidente conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, antes de entrar em contato com Castello Branco, Barros limitou-se a dizer que Bolsonaro havia conversado com o presidente da estatal.

O porta-voz afirmou ainda que a decisão de Bolsonaro de suspender o reajuste do preço do diesel que a Petrobras havia anunciado não significa que o governo cedeu aos apelos dos caminhoneiros. "O governo não é refém de ninguém", disse.

Petrobras disse que decisão foi técnica

A Petrobras admitiu que a União pediu esclarecimentos após um anúncio do reajuste em 5,7 %, mas defendeu que a decisão de cancelar a elevação de preço tomada mais tarde foi técnica, segundo comunicado nesta sexta-feira.

A petroleira acrescentou ainda que seu comitê de crise vinha acompanhando "cenário de potencial movimento grevista" por parte de caminhoneiros, insatisfeitos com os custos do combustível.

"Diante do anúncio do reajuste(...) e das ameaças de início de uma nova paralisação, a União alertou para o possível agravamento da situação e solicitou esclarecimentos à Petrobras sobre o reajuste proposto (...) diante desse cenário, a Petrobras decidiu, com base em avaliação técnica, que, por ora, não alteraria o preço do diesel", explicou a companhia.

Bolsa

OIbovespafechou em forte queda nesta sexta-feira, pressionado pelo tombo das ações da Petrobras, que perdeu quase R$ 32 bilhões em valor de mercado. O movimento refletiu preocupações sobre a liberdade operacional da petrolífera de controle estatal após a companhia voltar atrás em decisão sobre aumento do preço do diesel.

Ontem, após o fechamento do pregão, a Petrobras era avaliada em R$ 390,52 bilhões de reais.

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