ExxonMobil: ESG ficou para trás? (Nick Oxford/File Photo/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 19h37.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2021 às 21h46.
Arábia Saudita e Rússia mais uma vez entram em uma reunião da Opep+ em lados opostos de um debate crucial sobre o mercado de petróleo. O governo saudita têm pedido publicamente que outros membros sejam “extremamente cautelosos”, apesar da recuperação dos preços para o maior nível em um ano. Nos bastidores, o reino sinalizou que prefere que o grupo mantenha a produção estável, disseram os delegados. O governo de Moscou, por outro lado, tem indicado que ainda quer prosseguir com o aumento da oferta.
As posições refletem as posturas das reuniões recentes, mas, desta vez, os sauditas têm uma nova moeda de troca - 1 milhão de barris por dia de cortes voluntários. O reino se comprometeu a fazer esses cortes extras apenas em fevereiro e março, mas alguns veem sinais de que isso poderia mudar à medida que as negociações começarem.
“A questão-chave para mim é como eles devolvem os barris sauditas”, disse Bill Farren-Price, diretor da empresa de pesquisas Enverus e observador veterano do cartel. O reino poderia potencialmente usá-los como “alavanca para fechar um acordo”, disse.
Dez meses depois de reduzir a produção de petróleo quando a Covid-19 esmagou a demanda global, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados ainda mantêm 7 milhões de barris por dia fora do mercado, ou cerca de 7% da oferta global.
Tem sido um sacrifício, pois membros como o Iraque e Nigéria sofrem o impacto das exportações em queda. Mas produziu resultados, com os preços acima de US$ 65 o barril em Londres e como apoio às receitas reduzidas dos produtores.
Segundo a maioria das estimativas, com os cortes, a demanda por petróleo excedeu a produção neste ano por uma larga margem. A oferta ficou ainda mais apertada na semana passada devido à onda de frio no Texas que encolheu a produção dos EUA.
Quando a Opep+ se reunir em 4 de março, o grupo discutirá se fornecerá mais petróleo ao mercado em abril e precisará tomar duas decisões cruciais.
Primeiro, o grupo deve decidir se vai restaurar até 500 mil barris por dia, o próximo passo em uma retomada gradual da produção que foi acordada em dezembro, mas suspensa na reunião de janeiro. Em segundo lugar, a Arábia Saudita deve determinar o destino de 1 milhão de barris extras por dia de cortes voluntários extras neste mês e no próximo para ajudar a enxugar os estoques excedentes ainda mais rapidamente.