Economia

Roubini: queda no preço das commodities é risco para emergentes

Em palestra no EXAME Fórum, em São Paulo, economista conhecido como Dr. Apocalipse disse que o Brasil precisa tomar cuidado com o câmbio valorizado, que tira competitividade das exportações

Para Roubini, câmbio valorizado tira competitividade das exportações brasileiras (.)

Para Roubini, câmbio valorizado tira competitividade das exportações brasileiras (.)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2010 às 20h32.

São Paulo - O economista Nouriel Roubini, presidente da RGE Monitor, disse nesta segunda-feira (31) que o aprofundamento da crise europeia pode derrubar "abruptamente" os preços das commodities no curto prazo, prejudicando a economia de países emergentes. "No longo prazo, no entanto, o cenário é positivo a partir da recuperação mundial", disse Roubini, que ficou famoso por ter previsto a recente crise internacional.

Segundo Roubini, que participou do EXAME Fórum, em São Paulo, que debate o tema "Brasil - A Construção da 5ª Maior Economia do Mundo", o Brasil precisa tomar cuidado com o câmbio valorizado, que tira a competitividade das exportações. "Se os controles de capital forem usados de maneira inteligente, será possível evitar um mal maior."

O economista acredita que o Banco Central brasileiro está comprometido em manter a inflação sob controle. Ele elogiou a solidez do sistema financeiro no Brasil e ressaltou que é preciso monitorar a oferta de crédito nos segmentos em que há excesso de demanda. "Há uma evidência de superaquecimento em alguns países como o Brasil", disse.

Segundo Roubini, um dos desafios do governo brasileiro é aprovar as reformas estruturais que vão garantir um crescimento sustentável nos próximos anos. "Se isso acontecer (aprovação das reformas), o Brasil pode crescer tranquilamente de 6% a 7% ao ano", afirmou. Além disso, é preciso investir em capital humano, que é carente no Brasil. "Os melhores investimentos para os pobres são educação e saúde."

Sobre os Estados Unidos, Roubini explicou que os analistas apostam numa recuperação em "V", embora exista o risco de acontecer um "W". Nos mercados emergentes, a grande questão, segundo ele, é se o desempenho de países como Brasil, China e Índia pode ser afetado pelos problemas observados nos países desenvolvidos. "As respostas para esse tema ainda estão em aberto", disse.

O economista ressaltou que os países precisam equilibrar as políticas monetárias e fiscais. "Há uma necessidade de controle fiscal, com aumento de impostos e corte de despesas", afirmou o Dr. Apocalipse, apelido que ganhou por fazer previsões pessimistas. A boa lição que poder tirada dos países emergentes é a regulamentação eficiente dos sistemas financeiros. "Além disso, o problema do excesso de dívidas, que atinge as economias avançadas, não vale para as emergentes." Roubini voltou a dizer que os problemas na Grécia são apenas a ponta do iceberg.

Nos Estados Unidos, onde o consumo puxa a economia, o quadro pode ser "anêmico". "Os consumidores estavam acostumados a gastar mais do que ganham e agora eles vão precisar poupar", disse Roubini, prevendo um crescimento lento na locomotiva mundial. Ele lembra que aumentar impostos e reduzir gastos do governo dificultam a recuperação da atividade produtiva, mas são remédios necessários. "Os países que estão na periferia da zona do euro vão sofrer mais."

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