Economia

Rio pede que Justiça determine o desbloqueio de contas do Estado

Segundo a Defensoria, o último bloqueio levou o governo do Estado a postergar ainda mais os salários de novembro

Rio de Janeiro: os bloqueios têm previsão legal e ocorrem quando o Estado deixa de pagar empréstimos avalizados pelo governo federal (foto/Getty Images)

Rio de Janeiro: os bloqueios têm previsão legal e ocorrem quando o Estado deixa de pagar empréstimos avalizados pelo governo federal (foto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 17h00.

Rio - A Defensoria Pública do Rio de Janeiro pediu à Justiça Federal que conceda uma liminar obrigando a União a devolver os valores que bloqueou das contas do Tesouro estadual.

O pedido consta em uma Ação Civil Pública protocolada nesta terça-feira,27 , no plantão judiciário.

Segundo a Defensoria, o último bloqueio levou o governo do Estado a postergar ainda mais os salários de novembro dos servidores, aposentados e pensionistas. O calendário prevê o pagamento em até nove parcelas.

Os bloqueios têm previsão legal e ocorrem quando o Estado deixa de pagar empréstimos avalizados pelo governo federal.

A União vem adotando o procedimento desde o início do ano, para garantir a quitação de contratos de financiamentos contraídos pelo governo do Rio para realizar obras de saneamento, do Maracanã, do PAC Favelas e da Linha 4 do Metrô, entre outras.

Somente em dezembro, o governo federal já reteve R$ 675.547.177,23 das contas do Tesouro do Rio.

O último bloqueio, de R$ 128 milhões, aconteceu na quinta-feira passada (22) e levou o Executivo estadual a adiar da última sexta-feira (23) para o dia 5 de janeiro o pagamento da primeira parcela dos salários de novembro, no valor de R$ 264,00, aos servidores ativos, inativos e pensionistas.

"Tal situação não pode perdurar, eis que se afigura desumana para os que sofrem o irrazoável e cruel atraso em suas verbas alimentares e, acima de tudo ofensivo ao mínimo existencial da pessoa humana", afirmam os defensores na petição encaminhada à Justiça Federal.

Na ação, a Defensoria pede o imediato desbloqueio e liberação das contas estaduais, assim como a restituição dos valores retidos, para que sejam repassados aos servidores ativos, aposentados e pensionistas que ainda não receberam os salários de novembro. De acordo com a instituição, ainda restam R$ 1.385.973.678,85 para quitar a folha de novembro.

No pedido, a Defensoria argumenta ser "inconteste" que os bloqueios da União "tem contribuído para induzir ao não pagamento dos servidores, uma vez que as contas estaduais ficam bloqueadas até que se atinja o valor da dívida".

Embora tenha previsão legal, a Defensoria considera que a medida não é razoável, já que os salários são verbas de natureza alimentar e, pela Constituição, devem ter prioridade no pagamento.

Para a Defensoria, a "solução adequada e razoável não deve envolver a escolha de um dos direitos com a supressão do outro, mas sim a compatibilização de todos os interesses em jogo".

Por esse motivo, os defensores públicos sugerem como alternativa "permitir a autotutela das garantias da União após o pagamento dos servidores e pensionistas, mas não antes."

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaGovernadoresRio de Janeiro

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor