Economia

Relatório prevê reforma da Previdência com impacto de R$ 990 bi em 10 anos

Mudanças previstas em parecer no Senado devem resultar numa desidratação de R$ 98 bilhões na economia esperada pelo texto aprovado na Câmara

Senado: reforma da Previdência está em tramitação e precisa ser aprovada pelos parlamentares (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Senado: reforma da Previdência está em tramitação e precisa ser aprovada pelos parlamentares (Marcos Oliveira/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 16h29.

As mudanças previstas no relatório da reforma da Previdência no Senado devem resultar numa desidratação inicial de R$ 98 bilhões na economia esperada em uma década com o texto aprovado pela Câmara dos Deputados. O relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), propôs medidas de elevação de receita para recompor essas perdas, na expectativa de incrementar a arrecadação em R$ 155 bilhões em igual período. Caso essas iniciativas sejam aprovadas, o impacto líquido da reforma chegaria a R$ 990 bilhões, contra R$ 933,5 bilhões na versão que saiu da Câmara.

Mas a própria presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa, Simone Tebet (MDB-MS), admitiu que as propostas de compensação não eram conhecidas pelos demais senadores até hoje.

De acordo com o relatório de Tasso, a supressão das mudanças no critério de renda para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, deve retirar R$ 25 bilhões da economia esperada.

O senador também propôs a retirada da regra de transição que elevaria os pontos (que são a soma de idade e tempo de contribuição) exigidos para a aposentadoria de trabalhadores expostos a agentes nocivos, como os mineiros. Essa medida reduz o impacto da reforma em R$ 6 bilhões em dez anos.

Além das supressões, o relator propôs uma série de mudanças para serem discutidas em uma proposta paralela, para não atrasar o cronograma de tramitação da proposta atual. A principal delas é na regra de pensão por morte.

Tasso quer assegurar no texto constitucional que nenhum pensionista receba menos que o salário mínimo (hoje em R$ 998), caso sua renda formal seja inferior ao piso nacional. Além disso o relator elevou a cota dada por dependente adicional caso ele seja menor de 18 anos, de 10% para 20%. No texto aprovado pela Câmara, uma mãe com dois filhos menores, por exemplo, receberia de pensão 80% do salário de contribuição. Agora, na versão do Senado, ela receberia 100%.

O impacto das mudanças na pensão desidratam a reforma em cerca de R$ 40 bilhões em dez anos.

O texto propõe ainda a redução do tempo mínimo de contribuição a 15 anos para todos os homens, independentemente do momento de ingresso no mercado de trabalho. No texto da Câmara, novos trabalhadores (que começassem após a reforma) precisariam cumprir tempo maior, de 20 anos. O relator afirma no texto que não há impacto no horizonte analisado, de dez anos, mas não detalha o efeito da mudança no longo prazo.

O relatório também sugere acréscimo de 10% na aposentadoria por incapacidade em caso de acidente. Essa mudança teria impacto de R$ 7 bilhões em dez anos.

Outra mudança é a reabertura do prazo para que servidores federais possam aderir ao regime de previdência complementar, já encerrado diversas vezes após as categorias brigarem na Justiça pela reabertura. Essa mudança custaria R$ 20 bilhões em dez anos - a terceira maior medida de desidratação do relatório.

Para compensar, Tasso propõe a revisão da isenção previdenciária de entidades filantrópicas, à exceção de Santas Casas e entidades de assistência social, o que teria impacto na arrecadação de R$ 60 bilhões em dez anos.

A reversão da isenção previdenciária sobre exportações do agronegócio - medida já tentada pelo governo, mas que caiu na Câmara dos Deputados - renderia outros R$ 60 bilhões no mesmo período.

Outra medida sugerida pelo relator é a cobrança sobre empresas do Simples Nacional para a cobertura de benefícios previdenciários decorrentes de acidente de trabalho ou exposição a agentes nocivos. O documento não detalha qual seria a alíquota adicional, mas prevê receitas adicionais de R$ 35 bilhões em uma década.

Todas as medidas tributárias entrariam em vigor paulatinamente ao longo de cinco anos. As medidas, porém, devem enfrentar resistências no Senado.

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