Veículos: o jornal britânico cita especialmente o setor automobilístico ao lembrar da elevação das alíquotas do IPI para importados em 2011 (REUTERS/Rodrigo Paiva)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 09h19.
Londres - A decisão da União Europeia de acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a estratégia comercial brasileira que protege a indústria nacional pode ser "explosiva" para o Brasil.
A avaliação é do jornal britânico Financial Times, que cita os efeitos da ação contra o esforço de Brasília em tentar aprofundar os laços comerciais com Bruxelas e ainda cria uma situação embaraçosa para o novo diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo.
"A UE lançou um caso potencialmente explosivo contra o Brasil ao entregar papéis na OMC contra o gigante latino-americano pela primeira vez em quase uma década em um caso em que reclama que taxas que incidem sobre carros e outras importações são protecionistas", diz o jornal, ao lembrar que a UE é o maior parceiro comercial do Brasil e que o episódio surge em meio às análises de que o país está "progressivamente mais protecionista" nos últimos anos.
O jornal cita especialmente o setor automobilístico ao lembrar da elevação das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para importados em 2011. "Essa imposição foi pensada inicialmente para os importadores de carros chineses, cujo mercado explodiu em 2011. Mas a mudança também atingiu produtores de outros países, inclusive sul-coreanos e montadoras de luxo da Europa", diz o jornal.
O FT lembra que empresas como as britânicas Jaguar e Land Rover anunciaram este mês a instalação de fábricas no Brasil, "juntando-se aos rivais Audi e Mercedes-Benz na tentativa de contornar o imposto e aproveitar a crescente demanda por carros no País", diz o texto.
O jornal ouviu especialistas que afirmam que a desaceleração da economia brasileira pode ter deixado empresas e países menos tolerantes às medidas adotadas por Brasília. No passado recente, essas reclamações não eram ouvidas porque exportadores estavam interessados no atraente mercado brasileiro, diz um dos entrevistados pela reportagem.