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Questão social será centro de política econômica argentina, diz ministro

Ministro da Economia frisa que é preciso resolver "default virutal" deixado pelo governo Macri

Martín Guzmán: "Queremos ter uma relação construtiva com todos os nossos credores, tanto privados quanto com o FMI" (Mariana Greif/Reuters)
AO

Agência O Globo

Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 10h43.

Última atualização em 12 de dezembro de 2019 às 10h44.

Rio de Janeiro — O novo ministro da Economia da Argentina , Martín Guzmán, afirmou que o país enfrenta uma “situação de extrema fragilidade”, e que a nova política econômica do país será desenvolvida com foco na questão social. Ele concedeu sua primeira coletiva de imprensa nesta quarta-feira, no Palácio da Fazenda, em Buenos Aires.

E afirmou que o governo prepara um projeto de lei com medidas orientadas para lidar com a “profunda crise econômica e social enfrentada pelo país”, com o objetivo de restabelecer as condições para frear a queda na atividade econômica.

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A dívida externa, destacou ele, tem um posição central no programa macroeconômico sendo elaborado pelo novo governo. Guzmán frisou que haverá uma unidade especial para gerir essa dívida. Ele sustenta que não haverá ajuste fiscal em 2020.

"Para não ter que fazer um ajuste fiscal brutal, é preciso resolver o problema da dívida. E para poder pagar a dívida é preciso ter capacidade de pagamento. Para isso, a economia tem de se recuperar", frisou o ministro.

Guzmán afirmou que já mantém conversas com o FMI para negociar o pagamento da dívida. E que é preciso resolver o problema do “default virtual deixado pelo governo anterior”.

"A forma que vamos fazer isso não é por confronto. Queremos ter uma relação construtiva com todos os nossos credores, tanto privados quanto com o FMI, para que eles saibam que temos um problema e que temos de trabalhar juntos para que possamos pagá-los. Temos o reconhecimento do FMI da grave situação econômica da Argentina", disse ele, complementando que a nova política macroeconômica está sendo desenhada pelo novo governo, e não pelo Fundo.

Guzmán afirmou que a meta é adequar o acordo feito com o FMI à nova política macroeconômica, já que o acordo atual “fracassou”.

Ao longo do governo de Mauricio Macri , a dívida externa da Argentina saltou de 28% para 60% do PIB, enquanto a dívida pública avançou de 53% para 76% do PIB. Também entre 2015 e 2019, a fatia da população vivendo abaixo da linha da pobreza subiu de 30% para 40%, e a taxa de desemprego passou de 6,5% para 10,6%.

A previsão é que a inflação supere os 54%, enquanto o PIB do país deve encolher em 3% este ano, ante aumento de 2,7% registrado em 2015.

Economistas estimam que as reservas líquidas do Banco Central seriam inferiores a US$ 10 bilhões, enquanto os pagamentos de dívida previstos para 2020 superam US$ 20 bilhões.

No último mês de agosto, o governo Macri anunciou o que classificou com uma “reestruturação” da dívida, pedindo que o FMI adiasse os prazos de pagamento das parcelas do empréstimo de US$ 50 bilhões concedido à Argentina em 2018.

Segundo informações do jornal argentino “El Clarín” desta quarta-feira, Guzmán se reuniu com Georgieva em segredo ainda no fim de novembro, na sede do FMI, em Washington. O novo encarregado da missão do Fundo na Argentina, Luis Cubeddu também participou do encontro.

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