Carros: produção chegou a 2,1 milhões de veículos, recuo de 18% na comparação anual (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2014 às 14h23.
São Paulo - As montadoras de veículos no Brasil viram nova queda na produção em agosto, outro mês marcado por vendas abaixo das expectativas, refletindo fraca atividade econômica e parca oferta de crédito.
Enquanto a produção de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus caiu 22,4 por cento sobre igual mês do ano passado, a 265,9 mil unidades, as vendas diminuíram 17,2 por cento em igual base, para 272,5 mil unidades, informou nesta quinta-feira a associação que representa o setor, Anfavea.
"As vendas ficaram abaixo da expectativa inicial", disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan, a jornalistas. Na comparação com julho, a produção subiu 5,3 por cento, mas as vendas caíram 7,6 por cento.
Já no acumulado dos oito primeiros meses do ano, a produção chegou a 2,1 milhões de veículos, recuo de 18 por cento sobre mesma etapa de 2013, com as vendas caindo 9,7 por cento, a 2,2 milhões de unidades.
O forte declínio na produção de automóveis tem como pano de fundo um cenário de demanda mais fraca no mercado interno, com seletividade dos bancos em aprovar financiamentos e com as montadoras seguindo pressionadas por estoques elevados.
As exportações da indústria também vêm sendo atingidas: em agosto, houve queda de 50,6 por cento sobre um ano antes. No acumulado do ano, o recuo é de 38,1 por cento, com 235,4 mil veículos exportados, informou a Anfavea.
Para Moan, a situação no segundo semestre deverá ser melhor que na primeira metade do ano, devido em parte à melhora na oferta de crédito a partir da última semana de agosto, tendência que deve se estender até o fim do ano.
A Anfavea manteve as expectativas para o ano, que tinham sido reduzidas em julho, para projetar recuo de 10 por cento na produção, declínio de 5,4 por cento nas vendas no mercado interno e queda de 29,1 por cento nas exportações.
Apesar de reconhecer que as estimativas para 2014 ainda representam "desafio bastante grande", Moan disse que a Anfavea não fará revisões antes de setembro e outubro, para sentir o impacto sobre o setor de medidas implementadas pelo governo com o objetivo de estimular a concessão de crédito.
"A redução média dos juros em bancos não vinculados a montadoras é um fator. Alguns bancos estão ofertando prazos de pagamentos de até 60 meses para entradas de 30 por cento. Sabemos que esse é um mecanismo que facilita", afirmou.
Em agosto, a indústria automotiva mostrou queda de cerca de 1.400 postos de trabalho ante o mês anterior, somando 148.892 trabalhadores empregados. Segundo Moan, a redução reflete iniciativas tomadas pelas empresas para ajustar a produção à demanda.
O horizonte mais fraco para o setor tem feito uma série de montadoras concederem férias e diminuírem jornadas, também levando o governo federal a adiar para o fim do ano aumento de carga tributária que deveria ter ocorrido no final de junho.
A Fiat seguiu como líder de vendas de carros e caminhões leves em agosto, com cerca de 56,2 mil licenciamentos, segundo a Anfavea. A Volkswagen ficou em segundo lugar, com cerca de 48,43 mil veículos ante cerca de 38,8 mil carros da GM. A Ford vendeu por volta de 22,6 mil veículos.
Atualizado às 14h22