Economia

Previdência no Brasil é incerteza dos emergentes, diz FT

Em seu site, o veículo publicou a avaliação de três economistas, que mostram as principais incógnitas em relação a esses países.

Bandeira do Brasil:  confira oportunidades na carreira pública (Diego Vara/Reuters)

Bandeira do Brasil: confira oportunidades na carreira pública (Diego Vara/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 14h39.

Londres - A reforma da Previdência no Brasil é uma das incertezas apontadas entre as muitas dúvidas nas economias emergentes por analistas de mercados financeiros avançados consultados pelo jornal britânico Financial Times.

Em seu site, o veículo publicou a avaliação de três economistas, que mostram as principais incógnitas em relação a esses países. O Brasil é citado por um deles.

O texto recebeu como título uma pergunta: "Será que a situação ficará feia para os junk bonds?". A dúvida levantada é sobre se os fluxos de investimento podem suportar um aumento final do rali dos ativos de risco. "Aqui estão as principais questões de mercado para os investidores para a próxima semana."

A primeira delas é sobre se o desempenho está perseguindo um cabo de guerra com a retomada de lucro. Para Michael Mackenzie, as fissuras surgiram em vários mercados nos últimos dias, com um retrocesso nas moedas dos mercados emergentes, nos junk bonds dos EUA e nos metais, liderados por zinco e cobre.

Dentro do mercado de ações, as instituições financeiras e industriais destacam-se como os retardatários do movimento. No início deste mês, citou, as expectativas de um novo rali nos mercados eram altas, ajudando investidores institucionais que perderam o barco no início deste ano a agora perseguirem essa tendência em um esforço para manter os clientes.

"Isso pode, em última instância, provar um vento de cauda suficiente para os mercados entre agora e a última semana de dezembro", comentou.

No entanto, disse Mackenzie ao FT, também parece que outros investidores que estiveram mais agressivos em ativos de risco este ano estão com vontade de realizar lucros.

"As propostas de reforma tributária duvidosas nos Estados Unidos, uma crescente mudança na Arábia Saudita e algum reconhecimento de que os valores dos ativos subiram muito sem uma retração razoável são difíceis de ignorar", citou.

A adição ao incentivo para arriscar-se, de acordo com ele, é que uma curva de rendimento achatado - que até a semana passada foi um grande fator positivo para os ativos de risco - agora parece ter acertado o crédito.

Um novo achatamento na curva de rendimentos do Tesouro dos EUA pode levar mais investidores a perguntar por que o mercado de títulos está pintando uma visão tão sombria das perspectivas da economia dos EUA, continuou.

"Este cabo de guerra entre o desempenho perseguindo e aqueles que obtêm lucro também pode definir o tom de mercado por um tempo ainda", previu.

Outra questão é saber se este momento de mergulho dos mercados emergentes se configura como a hora certa de comprar. "Possivelmente", respondeu Roger Blitz.

"Mas o provável fracasso da "substancial" reforma da Previdência no Brasil destaca o dilema enfrentado pelos investidores emergentes: manter a fé ou sair?", perguntou.

Ele salientou que a melhora do crescimento e os menores déficits em conta corrente são o pano de fundo que geraram grandes ganhos de emergentes este ano. O crescimento global, um dólar mais fraco e os preços sólidos das commodities também ajudaram, considerou.

"Tudo isso ainda é válido, mas os investidores podem ser criaturas inseguras e, como o HSBC diz, 'estamos nervosos com a possibilidade de estarmos perdendo alguma coisa'", comentou.

Há muitas razões idiossincráticas, de acordo com ele, pelas quais os ativos de emergentes foram pressionados nas últimas semanas, como Nafta no México e problemas políticos domésticos na África do Sul, Turquia e Brasil.

"Mas os analistas do HSBC se perguntam se essas histórias locais escondem uma mudança mais global que aponta o caminho para uma manifestação do dólar, aumento da taxa do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), reforma fiscal dos Estados Unidos e aumento da inflação como catalisadores da mudança."

A tensão do Oriente Médio também mantém os observadores dos países emergentes cautelosos, de acordo com o analista, assim como a península coreana.

"O Morgan Stanley reconhece os riscos geopolíticos para os emergentes, mas diz que a melhora das avaliações de ativos e os diferenciais de taxa de expansão com mercados desenvolvidos 'devem aumentar os ativos de emergentes'".

A última pergunta foi sobre o real impacto das perdas dos junk bonds. Eric Platt respondeu que os dois maiores fundos de troca desses títulos atingiram seus níveis mais baixos em sete meses.

O JNK da State Street e o HYG da BlackRock caíram acentuadamente em valor em relação ao aumento dos volumes de negócios, citou. Por enquanto, de acordo com ele, a bandeira vermelha levantada pelo mercado de dívida de alto rendimento ainda não desestabilizou as ações, de modo que o desempenho dos junk bonds exige observação nos próximos dias.

Os investidores precisam monitorar cuidadosamente se o movimento de venda diminui ou é um gatilho para uma fraqueza mais ampla.

"Algumas correções estavam ocorrendo, dado que o prêmio de risco diminuiu no mês passado para os níveis mais baixos desde a crise financeira. O spread, consequentemente, ampliou 41 pontos base, o que poderia ser suficiente para atrair os compradores de volta", comentou.

Acompanhe tudo sobre:Financial TimesPrevidência SocialReforma da Previdência

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação