Entrada da COP30, no Parque da Cidade, em Belém: evento recebeu delegações de quase 200 países em novembro. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 09h02.
Última atualização em 26 de novembro de 2025 às 09h37.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador da prévia da inflação oficial do Brasil, fechou novembro em 0,20%, e ficou 0,02 ponto percentual acima em relação a outubro, quando o índice registrou uma queda de 0,18%.
O acumulado do ano fechou o mês em 4,15%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses caiu para 4,50%. Em novembro de 2024, o IPCA-15 havia registrado um aumento de 0,62%.
O dado veio levemente abaixo da expectativa do mercado financeiro, que esperava que o índice se mantivesse em 0,18%.
O principal responsável pelo resultado foi o grupo Despesas pessoais, que avançou 0,85% e exerceu o maior impacto positivo no índice (0,09 p.p.) no mês. Dentro desse grupo, os destaques foram as altas em hospedagem (4,18%), com impacto de 0,03 p.p., e em pacote turístico (3,90%), que contribuiu com 0,02 p.p..
No recorte regional, Belém apresentou a maior variação (0,67%), impulsionada pelas altas de 155,24% nas hospedagens e 25,32% nas passagens aéreas. O menor resultado foi observado em Belo Horizonte (-0,05%), influenciado pelas quedas na gasolina (-3,13%) e nas frutas (-5,39%).
A capital do Pará foi sede da COP30 durante o mês de novembro, quando recebeu delegações de quase 200 países e participação massiva nos espaços abertos de Belém. A conferência do clima da ONU se consolidou como uma das maiores já realizadas e a primeira a levar a Amazônia para o centro do debate climático e bater um recorde de participação indígena.
Saúde e cuidados pessoais (0,29%) e Transportes (0,22%) representaram impactos de 0,04 p.p. cada. Em Transportes, o destaque foi a alta de 11,87% nas passagens aéreas, o maior impacto individual do mês (0,08 p.p.), enquanto os combustíveis recuaram -0,46%.
O grupo Alimentação e bebidas voltou ao campo positivo, com alta de 0,09%, após cinco meses de queda. A alimentação no domicílio permaneceu com variação negativa (-0,15%), influenciada pelos recuos do leite longa vida (-3,29%), do arroz (-3,10%) e das frutas (-1,60%). A alimentação fora do domicílio (0,68%) acelerou em relação ao mês anterior.
Em Habitação, houve desaceleração de 0,16% para 0,09%, com destaque para a queda da energia elétrica residencial (-0,38%), enquanto condomínio (0,38%) e aluguel residencial (0,37%) registraram aumentos. Vestuário (0,19%) e Educação (0,05%) também tiveram variações positivas. Em queda, ficaram Comunicação (-0,19%) e Artigos de residência (-0,20%).
| Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
|---|---|---|---|---|
| Outubro | Novembro | Outubro | Novembro | |
| Índice Geral | 0,18 | 0,20 | 0,18 | 0,20 |
| Alimentação e bebidas | -0,02 | 0,09 | 0,00 | 0,02 |
| Habitação | 0,16 | 0,09 | 0,02 | 0,01 |
| Artigos de residência | -0,64 | -0,20 | -0,02 | 0,00 |
| Vestuário | 0,45 | 0,19 | 0,02 | 0,01 |
| Transportes | 0,41 | 0,22 | 0,08 | 0,04 |
| Saúde e cuidados pessoais | 0,24 | 0,29 | 0,03 | 0,04 |
| Despesas pessoais | 0,42 | 0,85 | 0,04 | 0,09 |
| Educação | 0,09 | 0,05 | 0,01 | 0,00 |
| Comunicação | -0,09 | -0,19 | 0,00 | -0,01 |
| Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. | ||||
O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE e envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:
O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.
Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.
Os itens da amostra do IPCA são ponderados conforme a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.
O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada segundo a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.
Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (base).
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.