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Presidente do BC vê potencial de crescimento dos empréstimos no Brasil

Para Campos Neto, setores que têm apresentado queda no saldo de recursos são infraestrutura, habitacional, comércio exterior, rural e agroindustrial

Roberto Campos Neto: presidente do Banco Central também falou sobre as expectativas para o crescimento global (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de agosto de 2019 às 16h22.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto , disse que o gap existente no crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) indica potencial de crescimento dos empréstimos no Brasil. Dentre os setores que têm apresentado queda no saldo de recursos estão, conforme sua apresentação, os segmentos de infraestrutura, habitacional, comércio exterior e o rural e agroindustrial.

"Um canal bastante sólido é a parte do crédito. Tivemos crescimento de quase 12% ao fim de junho, com a diminuição do crédito direcionado e o impulso do segmento livre, com mais crédito privado que público", avaliou o presidente do BC.

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De acordo com ele, parte do impulso vem do mercado de capitais, mas é necessário debater como levar o crédito a outro patamar uma vez que o Brasil é muito inferior que qualquer País da OCDE na parte de financiamento e infraestrutura. Neste segmento, conforme ele, há um grande desafio de marco legal e no setor de saneamento.

"O Brasil tem uma defasagem muito grande. Temos uma penetração de celular muito maior que em saneamento", alertou Campos Neto.

Ele destacou ainda a necessidade da atração do investidor internacional e a importância do hedge cambial. Segundo ele, o assunto está endereçado e uma medida deve ser publicada em breve.

No segmento imobiliário, o presidente do BC citou a importância de o crédito ser mais securitizado, ou seja, reempacotado e vendido a investidores. Nesse sentido, ele destacou a necessidade de ter outros indexadores do financiamento da casa própria uma vez que a Taxa Referencial (TR) dificulta esse processo pela dificuldade de se fazer hedge.

"Estamos estimulando o financiamento imobiliário com outros indexadores. Para nós, o IPCA é favorável uma vez que a inflação tem correlação grande com ativo real e hedge natural", disse Campos Neto.

Crescimento externo

Campos Neto também disse que existe uma forte desaceleração da economia no cenário exterior. Em março do ano passado, a expectativa de crescimento global era de 3,7% em 2019 e 3,6% em 2020. Essas projeções caíram para 3,3% neste e no próximo ano.

"O ano de 2019 começou e tivemos uma desaceleração na expectativa para 2020. Teremos um crescimento menor, mas muito provavelmente com os números da Europa e Ásia, e números importantes hoje da China, esse número tende a cair mais", disse o presidente do BC.

Segundo ele, as expectativas de juros em dezembro e março sinalizam um movimento de reprecificação nas economias externas. "O mundo enxerga que viveremos com juros mais baixos nos Estados Unidos, Inglaterra e Europa", acrescentou Campos Neto.

Como pano de fundo para os juros menores, ele citou a tensão comercial, o envelhecimento da população, fatores geopolíticos e polarização política como tem ocorrido na Argentina. "A percepção que temos é a falta de instrumentos para lutar contra crescimento mais baixo", resumiu Campos Neto em evento do Santander Brasil.

IBC-Br

Campos Neto afirmou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado nesta segunda não é o crescimento que o Brasil "deseja e merece", mas que há uma recuperação importante. O indicador subiu 0,30% em junho, acima da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,10%.

"Olhamos para o PIB e notamos uma precificação para baixo recente, mas a partir do segundo semestre esperamos que melhore um pouco", disse Campos Neto.

Sobre a taxa básica da economia, a Selic, o presidente do BC afirmou que após o recuo na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que baixou os juros para 6,0% ao ano, ainda há espaço para "queda adicional".

Reservas cambiais

Campos Neto disse que o Brasil tem reservas cambiais que o colocam em posição sólida para enfrentar crises. Ao fim de julho a posição cambial líquida do País era de R$ 326 bilhões.

"Hoje (segunda) é um dia desafiador porque a Argentina, com problemas, subiu os juros e está vendendo moeda no mercado. Mas o Brasil está bastante preparado para este cenário", disse Campos Neto.

Para ele, além da reforma da Previdência, as outras reformas estruturais devem ajudar o Brasil a ter uma melhora de rating. "Nunca entendemos quer era necessária somente a reforma da Previdência. O Brasil precisa estar engajado em outras reformas" acrescentou.

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